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domingo, 9 de agosto de 2020




Fénelon
Bordeaux, 1861

O amor é de essência divina e todos vocês, do primeiro ao último, possuem, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. É um fato que vocês  puderam constatar muitas vezes: o homem mais abjeto, o mais vil, o mais criminoso, tem por um ser ou um objeto qualquer uma afeição viva e ardente, à prova de tudo que pudesse diminuí-la, atingindo frequentemente proporções sublimes.
Eu disse por um ser ou um objeto qualquer, porque existem, entre vocês, pessoas que dispensam tesouros de amor, que lhes transbordam do coração, aos animais, às plantas, e até mesmo aos objetos materiais. Espécies de misantropos a se lamentarem da Humanidade em geral, resistindo contra a inclinação natural de suas almas, que buscam ao seu redor afeição e simpatia. Rebaixam a lei do amor à condição do instinto. Porém, façam o que quiserem, não conseguem sufocar o germe vivaz que Deus depositou em seus corações quando os criou. Esse germe se desenvolve e cresce com a moralidade e a inteligência, e embora frequentemente comprimido pelo egoísmo, ele é a fonte das santas e doces virtudes que faz as afeições sinceras e duradouras e que as ajudam a transpor o caminho escarpado e árido da existência humana.
Há algumas pessoas a quem a prova da reencarnação repugna, em razão da ideia de que outros participarão das suas simpatias afetivas. Pobres irmãos! Seu afeto torna-os egoístas. Seu amor se restringe a um círculo estreito de parentes ou de amigos, e todos os outros lhes são indiferentes. Pois bem! para praticarem a lei do amor, como Deus o entende, é necessário que cheguem a amar, aos poucos e indistintamente, todos os seus irmãos. A tarefa será longa e difícil, mas será cumprida. Deus o quer, e a lei do amor é o primeiro e o mais importante preceito da sua nova doutrina, porque é ela que deve um dia matar o egoísmo, sob qualquer aspecto em que se apresente, pois além do egoísmo pessoal, há ainda o egoísmo de família, de casta, de nacionalidade. Jesus disse: "Ame seu próximo como a si mesmo". Ora, qual é o limite em relação ao próximo? Será a família, a seita, a nação? Não, é a Humanidade inteira! Nos mundos superiores, é o amor mútuo que harmoniza e dirige os Espíritos adiantados que os habitam, e seu planeta, destinado a um progresso que se aproxima, para a sua transformação social, verá seus habitantes praticarem essa lei sublime, reflexo da própria Divindade.
Os efeitos da lei do amor são o aperfeiçoamento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrena. Os mais rebeldes e os mais viciosos deverão reformar-se, quando presenciarem os benefícios produzidos pela prática deste princípio: "Não faça aos outros o que não gostaria que os outros lhe fizessem, mas, ao contrário faça-lhes, todo o bem que puder".
Não creiam na esterilidade e no endurecimento do coração humano, ele cederá, apesar de si mesmo, ao amor verdadeiro. Este é um imã a que ele não poderá resistir, e o seu contato vivifica e fecunda os germes dessa virtude, que estão latentes em seus corações. A Terra, morada de exílio e de provas, será então purificada por esse fogo sagrado, e nela se praticarão a caridade, a humildade, a paciência, a abnegação, a resignação, o sacrifício, todas essas virtudes filhas do amor. Não se cansem, pois, de escutar as palavras de João Evangelista. Como vocês sabem, quando a doença e a velhice interromperam o curso de suas pregações, ele repetia apenas estas doces palavras: "Meus filhinhos, amem-se uns aos outros!"
Queridos irmãos, aproveitem essas lições. Sua prática é difícil, mas delas retira a alma imenso benefício. Creiam-me, façam o sublime esforço que lhes peço: "Amem-se", e verão em breve a Terra transformada num paraíso em que as almas dos justos virão repousar. 

Tradução livre do Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira. 


Um comentário:

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