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domingo, 5 de junho de 2022

 


21.5.3 Os falsos profetas da erraticidade

Erasto - Discípulo de Paulo. Paris, 1862

 

         Os falsos profetas não existem apenas entre os encarnados, eles também são muito mais numerosos entre os Espíritos orgulhosos que, fingindo amor e caridade, semeiam a desunião e retardam a obra de emancipação da Humanidade, impondo-lhe seus sistemas absurdos, através dos médiuns que os servem. E para melhor fascinar  os que desejam enganar, para dar mais peso às suas teorias, apoderam-se inescrupulosamente de nomes que os homens só pronunciam com respeito.

São eles que semeiam os fermentos dos antagonismos entre os grupos, que os levam a isolar-se uns dos outros e a se mostrarem com mau olhar. Somente isso bastaria para os desmascarar, porque, assim agindo, eles mesmos oferecem o mais formal desmentido ao que dizem ser. Cegos, portanto, são os homens que caem em tão grosseira cilada.

Mas há ainda muitos outros meios de os reconhecer. Os Espíritos da ordem a que eles dizem pertencer, devem ser não somente muito bons, mas também eminentemente racionais. Pois bem, passem seus sistemas pelo crivo da razão e do bom senso, e vocês verão o que restará. Concordarão então comigo em que, sempre que um Espírito indicar, como remédio para os males da Humanidade, ou como meios de realizar a sua transformação, medidas utópicas e impraticáveis, pueris e ridículas, ou quando formula um sistema contraditado pelas mais corriqueiras noções científicas, só pode ser um Espírito ignorante e mentiroso.

Por outro lado, lembrem-se de que, se a verdade nem sempre é apreciada pelos indivíduos, sempre o é pelo bom senso das massas, e isso também constitui um critério. Se dois princípios se contradizem, vocês terão a medida do valor intrínseco de ambos, observando qual deles encontra mais repercussão e simpatia. Com efeito, seria ilógico admitir que uma doutrina cujo número de adeptos diminui, seja mais verdadeira que outra, cujo número aumenta continuamente. Deus, querendo que a verdade chegue a todos, não a confina num círculo restrito, mas a faz surgir em diferentes lugares, a fim de que, por toda parte, a luz se apresente ao lado das trevas.

Repeli impiedosamente todos esses Espíritos que se manifestam como conselheiros exclusivos, pregando a divisão e o isolamento. São quase sempre Espíritos vaidosos e medíocres, que tentam impor-se a pessoas fracas e crédulas, prodigalizando-lhes louvores exagerados, a fim de fasciná-las e dominá-las. São geralmente Espíritos sedentos de poder, que, tendo sido déspotas no lar ou na vida pública, quando vivos, ainda querem vítimas para tiranizar, depois de sua morte. Em geral, portanto, desconfiem das comunicações que trazem um caráter de misticismo e de estranheza, ou que prescrevem cerimônias e práticas extravagantes. Há sempre, nesses casos, um motivo legítimo de suspeição.

Por outro lado, estejam certos de que sempre que uma verdade deve ser revelada à Humanidade, ela é, por assim dizer, comunicada instantaneamente, a todos os grupos sérios que possuem médiuns sérios, e não a este ou àquele, com exclusão dos outros. Ninguém é médium perfeito, se estiver obsidiado, e há obsessão manifesta quando um médium só recebe comunicações de um determinado Espírito, por mais elevado que este pretenda colocar-se. Em consequência, todo médium e todo grupo que se creem privilegiados, em virtude de comunicações que só eles podem receber, e que, além disso, se sujeitam a práticas supersticiosas, encontram-se indubitavelmente sob uma obsessão bem caracterizada. Sobretudo quando o Espírito dominante se vangloria de um nome que todos, Espíritos e encarnados, devemos honrar e respeitar, não deixando que seja empregado sem propósito.

É incontestável que, submetendo-se ao critério da razão e da lógica todos os dados e todas as comunicações dos Espíritos, será fácil rejeitar o absurdo e o erro. Um médium pode ser fascinado, e um grupo pode ser enganado; mas o controle severo dos outros grupos, a ciência adquirida, a elevada autoridade moral dos dirigentes de grupos, as comunicações dos principais médiuns, marcadas pelo cunho da lógica e da autenticidade dos melhores Espíritos, rapidamente farão desmascarar esses ditados mentirosos e astuciosos, procedentes de uma turba de Espíritos mistificadores ou maldosos. (Ver, na Introdução, o parágrafo II: Controle universal do ensino dos Espíritos. E ver, n’O Livro dos Médiuns, o cap. 23, Obsessão).

Tradução livre do Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira

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