21.5.4 Jeremias e os
falsos profetas
Luoz, Espírito protetor, Carlsruhe,
1861
É sobre essa passagem do
profeta Jeremias, que lhes quero falar, meus amigos. Deus, falando por sua
boca, disse: "É a visão do seu coração que os faz falar". Essas
palavras indicam claramente que, já naquela época, os charlatães e os fanáticos
abusavam do dom de profecia e o exploravam. Abusavam, portanto, da fé simples e
quase cega do povo, predizendo por dinheiro coisas boas e agradáveis.
Essa espécie de enganação estava bastante
generalizada na nação judaica, e é fácil compreender-se que o pobre povo, em
sua ignorância, estava impossibilitado de distinguir os bons dos maus, e era
sempre mais ou menos enganado pelos impostores ou fanáticos que se diziam
profetas. Não há nada mais significativo do
que estas palavras: "Eu não enviei esses profetas, e eles correram por si
mesmos; não lhes falei, e eles profetizaram". Em seguida: "Eu ouvi esses profetas que em meu nome profetizavam a mentira dizendo: ‘Sonhei, sonhei".
Indicava, assim, um dos meios que eles empregavam para explorar a confiança que
tinham neles. A multidão, sempre crédula, não pensava em lhes contestar a
veracidade de seus sonhos ou de suas visões; achava isso muito natural e sempre
convidava os convidava a falar.
Após as palavras do
profeta, escutem os sábios conselhos do apóstolo João, quando diz: "Não
creiam em todo Espírito, mas provem se os Espíritos são de Deus". Porque,
entre os invisíveis, há também os que se comprazem em enganar, quando encontram
ocasião. Os iludidos são, bem entendido, os médiuns que não tomam as
necessárias precauções. Eis aí, sem dúvida, uma das maiores dificuldades,
contra a qual muitos esbarram, sobretudo quando são novatos no Espiritismo.
Isso é para eles uma prova, de que não podem
triunfar senão com muita prudência. Aprendam, pois, antes de tudo, a distinguir
os bons dos maus Espíritos, para não se tornarem, vocês mesmos, falsos
profetas.
Tradução livre do Prof.
Dr. Jorge Leite de Oliveira
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