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quinta-feira, 16 de junho de 2022


XVII SIMPÓSIO NACIONAL DA ABHR

II SIMPÓSIO NACIONAL DE ESTUDOS DA RELIGIÃO DA UEG

ÉTICAS E RELIGIÕES EM TEMPOS DE CRISE – Nov. 2021

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HISTÓRIA DAS RELIGIÕES (ABRH)– UNIV. ESTADUAL DE GOIÁS

 

 

 

Universalidade e Imparcialidade na Filosofia Espiritualista de

Pietro Ubaldi

Alexsandro Melo Medeiros[1]

 

Introdução

 

Pietro Ubaldi foi um filósofo italiano, espiritualista e cristão. Embora tenha nascido na Itália, na cidade de Foligno, em 1886, viveu os últimos vinte anos de sua vida aqui no Brasil, onde faleceu em 1972, por isso, o conjunto de suas obras é dividida em duas partes: a obra italiana, que inclui as Grandes Mensagens e vai do seu primeiro livro A Grande Síntese até o livro Deus e Universo; e a obra brasileira, com os seus escritos posteriores até o último livro Cristo.

No conjunto de sua obra, o conceito de evolução desempenha um papel crucial e dele não poderemos prescindir na análise do tema em pauta. Inclusive este foi o tema de seu primeiro ensaio, publicado na revista Constancia, de Buenos Aires:

 

em 1927, sentado à beira-mar, na praia de Falconara, contemplando o Adriático, ele vislumbra, num lampejo, genial, a estrutura íntima do universo, anunciando o seu físico-dínamo-psiquismo. Segue-se o seu primeiro ensaio: “Evolução Espiritual” – cem páginas onde aparecem as primeiras tentativas sérias do grande voo (SILVA, 2015, p. 11).

 

O conceito de evolução, embora não seja o tema central deste artigo, nos ajudará a entender como a máxima do Evangelho do Cristo: ama ao teu próximo como a ti mesmo, expressa uma lei de um plano biológico mais evoluído, que não é aquele do plano biológico animal e, por isso, as condições de maturidade espiritual (resultado de todo um processo evolutivo), são determinantes para que um indivíduo possa manifestar esse amor dentro de uma visão mais ampla, coletiva e compreender que toda a humanidade faz parte de uma mesma família, ao invés de lutar contra o próximo e considerá-lo um seu inimigo.

Além do conceito de evolução, daremos ênfase aos princípios de universalidade e imparcialidade, ressaltados pelo pensador italiano e, por isso, o nosso objetivo com este artigo, que adota como metodologia a pesquisa bibliográfica, é abordar como tais princípios podem ajudar a promover a tolerância, o diálogo e a interação entre diferentes religiões.

Com base em tais princípios, veremos como a obra de Ubaldi nos indica um caminho a percorrer que seja um caminho de paz e fraternidade e não de ódio ou divisão, um caminho que ele próprio procurou percorrer, procurando sempre estar de acordo com a Lei de Deus:

 

Pietro Ubaldi foi um permanente observador do funcionamento da Lei de Deus em sua vida. Vivia segundo a vontade da Lei, como Cristo o fez: Não faço a minha vontade, mas Daquele que me enviou. O missionário de Cristo afirmou, muitas vezes de maneira diferente a mesma coisa: Vivo de acordo com a Lei; ela exerce uma tremenda força sobre mim; A Lei é a nossa vida. Conhecê-la e executá-la cada vez melhor, redunda em vivê-la mais intensamente (Amaral, 2020, p. 250-251).

 

Universalidade e Imparcialidade

 

No conjunto de sua obra, o filósofo adota como princípios o da universalidade e imparcialidade.

 

A tese que sustentei desde 1951, em minha primeira chegada ao Brasil, e que já havia sustentado na Europa, foi a de “imparcialidade e universalidade”. Permaneci a ela igualmente fiel, diante desta ou daquela religião. Mas, todas mostraram a mesma vontade de enclausurar-me e fechar-me em seu próprio grupo, impondo-me uma verdade já feita, que exclui qualquer pesquisa e condena toda tentativa de progresso e aperfeiçoamento (Ubaldi, 2001, p. 243).

 

A preocupação de Ubaldi com tais princípios se revela, por exemplo, quando o pensador italiano solicitou a alteração do nome da Associação Brasileira dos Amigos de Pietro Ubaldi (ABAPU), instituída em Campos, no Rio de Janeiro, em 1949. Pediu que “fosse substituída pela de ABUC (Associação Brasileira da Universalidade de Cristo), para que a ideia se antepusesse a qualquer personalismo. E este é já um princípio geral para ser vivido” (Ubaldi, 1987, p. 21).

Essa preocupação, de fazer com que sua obra não tomasse um caráter personalista, se expressa igualmente quando Ubaldi afirma que seu objetivo não é a busca de adeptos e seguidores, como o fazem as mais diferentes religiões. “Falo bem claro: não quero de maneira nenhuma chefiar coisa alguma na Terra; não quero conquistar poder algum neste mundo. Não há, assim, qualquer razão para rivalidades” (Ubaldi, 2001, p. 24).

Outro caso curioso, é relatado pelo filósofo na passagem seguinte:

 

Uma vez expliquei a alguém o meu ponto de vista da imparcialidade e universalidade. Sua face iluminou-se e, de súbito, respondeu: “compreendo, trata-se de um novo partido: o dos imparciais e universalistas”. Este fato mostrou-me como a forma mental comum não consegue conceber coisa alguma se não a vê bem fechada dentro dos limites do relativo, isto é, dum grupo particular bem separado dos outros e logicamente em luta entre si (Ubaldi, 2001, p. 23).

 

Como entender tais princípios? Ou seja, o que quer dizer o filósofo com universalidade e imparcialidade? Encontramos uma definição do próprio autor no Capítulo 2, do livro A Lei de Deus, que tem como título Separatismo Religioso, e que traz a seguinte epígrafe: Respeito por todas as crenças.

 

[...] imparcialidade quer dizer não-existência de partido, compreendendo-os a todos; significa não ficar fechado na forma mental de facção ou de grupo particular algum, sobretudo quando este grupo, seja ele qual for, se impõe combater outros grupos, julgando-os errados e maus e, porque sendo diferentes dele próprio, persegue-os com as suas condenações (Ubaldi, 2001, p. 20-21).

 

Sua filosofia se propõe, portanto, não fechar-se na forma mental de um grupo ou partido e, inclusive, ser considerado um movimento suprarreligioso, que não agrida nenhuma expressão religiosa “mas as respeita todas, antes de tudo reconhecendo-as, tanto que as envolve todas num único amplexo” (Ubaldi, 1987, p. 16). E pode até não parecer óbvio que assim seja, em uma análise superficial, mas se considerarmos que Deus deve ser o mesmo para todos, não há porque acreditar que uma crença seja melhor do que outra.

O princípio da universalidade decorre do fato de que todos os homens são filhos do mesmo Deus: “um só Deus, pai de todos” (Ubaldi, 1987, p. 24). Universalidade significa não impor qualquer barreira de religião, nacionalidade ou raça que possa dividir os homens. A única divisão aceita não é aquela religiosa, mas a de justos e injustos. É o que encontramos, por exemplo, na Mensagem de Natal:[2]

 

Falo hoje a todos os justos da terra e os chamo de todas as partes do mundo a fim de unificarem suas aspirações e preces numa oblata que se eleve ao céu. Que nenhuma barreira de religião, de nacionalidade ou de raça os divida, porque não está longe o dia em que somente uma será a divisão entre os homens: justos e injustos (Ubaldi, 2012, p. 11).


A Universalidade do Amor ao Próximo

 

O Evangelho do Cristo está na base do conjunto de toda a obra de Ubaldi: “Tudo aquilo que não pode permanecer no Evangelho de Cristo não pode igualmente permanecer neste movimento. Não é possível distorcer em nenhum sentido estas palavras” (Ubaldi, 1987, p. 16). Embora Ubaldi não possa ser considerado um cristão no sentido ortodoxo do termo, o preceito ama ao teu próximo como a ti mesmo serve de pedra angular de seu programa.

Por isso, se pode pensar em como os princípios da universalidade e imparcialidade decorrem do preceito evangélico ama ao teu próximo como a ti mesmo, pois não se pode amar ao próximo apenas pelo seu rótulo religioso. Deve-se amá-lo indistintamente, independente de qual religião ele professe ou de qual cultura ele faça parte. Independentemente de ser católico, protestante, muçulmano, budista, e até mesmo ateu, qualquer convicção que não agrida o próximo e seja vivida com honestidade e sinceridade merece respeito.

Ao falar do Amor de Cristo, Ubaldi afirma que não temos mais necessidade de novas religiões e, por isso, ele mesmo não teve a pretensão de fundar um novo movimento, doutrina filosófica ou religiosa. Mais importante do que fazer prosélitos a favor de uma religião, condenando as outras, é fundamental que as pessoas tornem-se boas e honestas e isto serve para todas as religiões.

Ubaldi afirma que todos aqueles que simpatizam com sua obra e, portanto, desejem aderir a tal movimento “devem manter-se dentro do princípio fundamental do Evangelho: ‘Ama a teu próximo como a ti mesmo’. Não existe outro caminho possível” (Ubaldi, 1987, p. 16).

Mas porque razão, mesmo passados mais de dois mil anos, a humanidade ainda não aprendeu essa lição aparentemente simples? Para compreender esta questão, é preciso levar em consideração que a filosofia de Ubaldi é evolucionista, quer dizer, para o pensador italiano, o espírito deve percorrer um longo caminho cujo ponto de partida é a matéria: do reino mineral passa ao vegetal, animal, subindo sempre, até chegar ao estágio humano.[3] E no homem, esse processo ainda se estende por vários séculos e até milênios: “Num plano de existência muito mais alto, a evolução realiza-se no homem, através do homem que exprime uma fase dela [...] em direção a planos de existência cada vez mais altos” (Ubaldi, 1995, p. 66-67).

À continuidade da evolução orgânica temos a evolução psíquica que se realiza no homem, a meta mais alta da vida. O processo evolutivo que se inicia na matéria, transubstancia-se no espirito, “santificando-a, assim, até que no homem e mais acima dele, conquiste cada vez mais consciência, e assim o alfa se reúna ao ômega, a criação volte ao criador” (Ubaldi, 1995, p. 73).

Por que ressaltamos esse aspecto evolutivo da obra ubaldiana? Por que as condições de maturidade psíquica e espiritual determinam se um indivíduo está mais próximo de uma visão individualista ou coletivista do amor universal. Todos, sem exceção, amam. Alguns, porém, devotam esse amor de forma mais direta apenas a sua família, parentes e amigos. Outros compreendem que toda a humanidade faz parte de uma família universal e, por isso, são capazes de expressar esse amor de forma menos restrita.

O Amor é lei universal da vida e todos, desde os animais até o homem, amam, só que amam cada um de acordo com o seu nível evolutivo. O mandamento ama ao teu próximo como a ti mesmo expressa uma lei de um plano biológico mais evoluído, que não é aquele do plano biológico animal.

 

As leis da vida mudam, relativamente ao grau de evolução que se atingiu. A lei feroz da luta pela seleção do mais forte é lei em nosso plano animal, em que os seres não se conhecem uns aos outros. Encontram-se num estado caótico em que o indivíduo está sozinho, com suas forças, contra todos (Ubaldi, 2001, p. 249).

 

Amadurecer espiritualmente significa evoluir, e assim aprender a lei de amor do Evangelho, colaborar com o próximo, ao invés de lutar contra ele. Mas na humanidade atual ainda prevalece o biótipo comum que usa a força para vencer.

Eis a que se propõe o Evangelho, uma tarefa árdua e trabalhosa de transformar um tipo biológico egoísta em um tipo biológico oposto, altruísta.

 

“Ama a teu próximo” será o conceito-base das sociedades futuras mais evoluídas [...] Nossa sociedade está nos antípodas do “ama a teu próximo”. Vive-se hoje o princípio oposto: “esmaga teu próximo, antes que teu próximo te esmague” (Ubaldi, 2001, p. 258).

 

A evolução caminha de uma fase para outra, da animalidade para a civilização. Todos nós temos, dentro de nós, os recursos para fazer desta, uma humanidade mais solidária e fraterna, menos bárbara e intolerante. O Evangelho serve como guia, mas os esforços para colocar seus ensinamentos em prática deve ser nosso. Desenvolver uma maior tolerância com as diferenças, uma maior compreensão da nossa realidade a ponto de entender que o próximo não é um inimigo que devemos combater a todo custo, mas alguém a quem devemos amar, é tarefa nossa.

Vejamos agora como, a partir da visão universalista do filósofo italiano, baseada no amor ao próximo, tal como encontramos na Boa Nova do Cristo, decorre uma visão de tolerância e respeito para com todas as pessoas, independentemente de suas crenças e nacionalidades.

 

Tolerância e Respeito

 

Ubaldi é bastante claro ao afirmar que desta visão de mundo baseada no amor ao próximo, pode nascer um grande respeito recíproco, uma nova possibilidade de compreensão, um espírito de fraternidade, ao contrário do amor à ortodoxia e da psicologia farisaica que levam a divisão e a intolerância.

Pelo princípio da universalidade, a obra de Ubaldi nos ajuda a entender que vivemos em uma realidade plural. Nos possibilita pensar na complexidade e riqueza das relações entre as diferentes culturas e, assim, promover a tolerância e o diálogo intercultural e interreligioso.

 

Que no terreno filosófico, político, religioso, isso signifique tolerância. Não, porém, uma tolerância raivosa, na atitude de quem suporta com desdém o erro alheio; ao contrário, uma tolerância que busca os pontos de contato, os pontos comuns, e se alegra quando pode dizer: “Mas, então, concordamos em muitas coisas! Não estamos, pois, tão distanciados quanto nos parecia. Podemos entender-nos um pouco e não há necessidade de contenda” (Ubaldi, 1987, p. 23).

 

Uma tolerância que leva em consideração os diferentes tipos de crença e religiosidade e que, segundo o filósofo, mais do que qualquer rótulo, o que importa é a sinceridade e a honestidade com que cada indivíduo vive a sua fé: “Que importa pertencer a esta ou aquela religião, quando não se é sincero nem honesto?” (Ubaldi, 1987, p. 28).

Naturalmente, não se trata de negar as diferenças que existem entre as mais diferentes religiões. Há aquilo que distingue os indivíduos uns dos outros por suas crenças e valores culturais. Todavia, se queremos estabelecer algum tipo de distinção, esta não deve ser aquela

 

vigorante em nosso mundo: católicos, protestantes, espiritistas, teosofistas, maçons, maometanos, budistas etc. — mas, sim, o justo e o injusto. Esta é a distinção substancial, a que tem valor diante de Deus, muito mais importante que a outra, que pode ser apenas formal (Ubaldi, 1987, p. 28).

 

É natural que haja culturas e valores diferentes entre os mais variados povos. O que não podemos aceitar é que essa divisão gere a intolerância e o desrespeito para com os valores do próximo. “Ora, esse espírito de divisionismo e de exclusivismo e a luta que daí deriva representam os instintos próprios de um plano biológico atrasado, que o progresso espiritual do mundo se apressará em liquidar” (Ubaldi, 2001, p. 244).

Esse tipo de intolerância conduz a uma total falta de respeito com os valores do próximo e em alguns casos até a agressividade, como foi o caso do pastor neopentecostal, Sérgio von Helder que, em 1995, chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida (exatamente no dia 12 de outubro de 1995, data que marca o feriado destinado a homenagear a Santa). A atitude foi transmitida ao vivo pela rede Record de Televisão em programa apresentado pelo pastor e “provocou polêmica e indignação em todo o país e até mesmo no contexto internacional, ao agredir uma imagem da supracitada santa durante o programa religioso ‘O Despertar da Fé’” (Oliveira, 2018, p. 31).

Outro exemplo de intolerância foi a chamada “batalha espiritual” contra os “orixás, cablocos e guias”, declarada pelo fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), o bispo Edir Macedo (Silva, 2007).

A questão a ser considerada não é que existam religiões e valores diferentes. “Não é a diferença ideológica dos pontos de vista das religiões que deixamos de aceitar. Tudo isso é natural e lógico” (Ubaldi, 2001, p. 21). O problema é afirmar a própria verdade condenando como erradas as verdades dos outros. Por isso, se torna inaceitável a atitude de condenação, de exclusividade da posse da verdade e, não raro, de agressividade com que alguns indivíduos são levados a defender a sua verdade ou a verdade de seu grupo religioso. Por isso, diz Ubaldi (2001, p. 21): “Não nos interessa tomar parte nestas rivalidades terrenas, que nada têm a ver com a pesquisa da verdade que buscamos”.

O problema é que, em sua grande maioria, as religiões pretendem ter a posse da verdade universal: “todas as igrejas querem ser universais, mas apenas no sentido imperialista: todas querem unificar mas debaixo do próprio domínio. Não foi nesse sentido que compreendi a universalidade” (Ubaldi, 2001, p. 243). Esse tipo de universalidade não traz benefício algum para o conjunto da humanidade e em alguns casos se expandiu de tal forma que pretendeu conquistar tudo.

 

Conclusão

 

Para o filósofo espiritualista e cristão, Pietro Ubaldi, o Evangelho da Boa Nova do Cristo com a sua máxima do amor ao próximo constitui um dos mais importantes alicerces para a nossa sociedade. Não apenas da sociedade presente, mas também da futura sociedade que, mais evoluída, deverá enfim cumprir com os mandamentos que o Cristo deixou para nós há mais de dois mil anos.

Ubaldi é um filósofo evolucionista e, como tal, crê que a humanidade tem seus períodos de infância e maturidade espiritual. Por isso, evoluir espiritualmente significa ter uma visão mais ampla da realidade e compreende que os ensinamentos do Cristo não são privilégios desta ou daquela religião, mas dizem respeito a toda humanidade. Por isso o filósofo adota como princípios de sua filosofia a universalidade e a imparcialidade que significa a não ficar fechado dentro da forma mental de um grupo particular, seja ele religioso, político ou cultural. Significa compreender que todos os homens, independente de crença, raça ou nacionalidade, são irmãos, porque são filhos do mesmo Pai, que é Deus.

Por isso, universalidade e imparcialidade significam não impor qualquer barreira de religião, nacionalidade ou raça que possa dividir os homens e muito menos agredir qualquer forma de expressão religiosa, mas, ao contrário, respeitá-las, todas.

Com tais princípios de universalidade e imparcialidade, que decorrem da máxima “ama ao teu próximo como a ti mesmo”, Ubaldi nos indica um caminho a percorrer que seja um caminho de paz e fraternidade e não de ódio ou divisão e nos permite concluir que, se a tolerância e o respeito decorrem da prática evangélica do “amor ao próximo”, a intolerância e o ódio são frutos do princípio oposto: “esmaga o teu próximo, antes que teu próximo te esmague”.

 

Referências

 

AMARAL, José. Pietro Ubaldi, o Missionário. Campos dos Goytacazes-RJ: Fraternidade Francisco de Assis. Instituto Pietro Ubaldi, 2020.
 
OLIVEIRA, Mariana Montalvão. A Questão da Intolerância Religiosa, na Perspectiva do Direito Brasileiro. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito), Curso de Direito – UniEvangélica, Anápolis-GO, 2018.
 
SILVA, Manuel Emygdio da. O Gênio de Ubaldi e a Evolução da Humanidade (colóquios e correspondências). Brasília: Ontoletras, 2015.
 
SILVA, Vagner Gonçalves da (org.). Intolerância Religiosa: impactos do neopentecostalismo no campo religioso afro-brasileiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007.
 
UBALDI, Pietro. Grandes Mensagens. Tradução de Clóvis Tavares. Brasília-DF: Instituto Pietro Ubaldi, 2012. (Obras completas de Pietro Ubaldi, v. 1).
 
____. Fragmentos de Pensamento e de Paixão. 4. ed. trad. Rinaldi Rondino e Clóvis Tavares. Rio de Janeiro: Fundação Pietro Ubaldi, 1987. (Obras Completas de Pietro Ubaldi, v. 6)
 
____. A Lei de Deus. 5. ed. Campos dos Goytacazes-RJ: Fraternidade Francisco de Assis, 2001. (Obras Completas de Pietro Ubaldi, v. 17)
 
____. A Descida dos Ideais. Campos dos Goytacazes-RJ: Fraternidade Francisco de Assis, 1995



[1] Doutor em Sociedade e Cultura da Amazônia. Professor Adjunto da Universidade Federal do Amazonas. Contato: alexsandromedeiros@ufam.edu.br 

[2] A Mensagem de Natal foi a primeira, de um conjunto de sete mensagens, de elevado teor espiritual, recebidas por Ubaldi, de forma intuitiva, cuja fonte de origem ele chamou de Sua Voz. Esta primeira mensagem foi ditada na noite de Natal de 1931, daí o seu título. “Após a reunião em família, tão comum nesta época, e participar da ceia, desejando a todos um Feliz Natal, dirigiu-se ao seu escritório no último andar da torre da Tenuta Santo Antonio. Ali teve o início da missão de Pietro Ubaldi [...] Sempre orientado por Sua Voz, que ditou a primeira Mensagem, naquela noite de Natal de 1931” (Amaral, 2020, p. 86). 

[3] O conceito de evolução aparece em diferentes obras de Ubaldi, entretanto, considerando que aqui só poderemos fazer uma rápida exposição, indicamos algumas obras ao leitor: Ascese Mística: capítulos 9 a 13; Fragmentos de Pensamento e de Paixão: segunda parte; O Sistema: primeira parte; Queda e Salvação: capítulos 1, 8, 10, 11, 14.

 


Um comentário:

  1. Destaco esta frase do seu belo artigo: “Que importa pertencer a esta ou aquela religião, quando não se é sincero nem honesto?” (Ubaldi, 1987, p. 28).
    O pensamento de Ubaldi é exatamente o de Kardec, que não via o Espiritismo como religião e sim como Filosofia Espiritualista, como está encimado na folha de rosto d'O Livro dos Espíritos.
    A tolerância religiosa e até mesmo dos que não têm uma religião é o que Kardec e o Espiritismo sempre pregaram, sem qualquer intenção proselitista. Tanto é assim que, nas reuniões da União Espírita Francesa, pessoas de todas as crenças e até ateus eram aceitos. No Brasil é que o Espiritismo adotou a palavra "religião" em troca de "moral" ou "ética", por necessidade de adaptação às questões formais e para minimizar os ataques e preconceitos religiosos, além da intolerância dos próprios governantes e exigência do sistema.

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Viva a Cruz Vermelha! (Irmão Jó)   A Terra é um cipoal De ervas daninhas do mal.   A dor internacional Faz do mundo um hospital....