Nem neologismo aguenta essa
imposição à língua, que evolui naturalmente. Do que também não gosto, mas
respeito os que pensam diferente, é de destaques propostos pela Igreja a termos
referentes à divindade, que adquiriram cidadania na língua portuguesa. Maria, Jesus
e Deus, com certeza, não se sentiriam diminuídos se lhes escrevêssemos os
pronomes, advérbios e adjetivos como estão previstos nas regras gerais da nova
ortografia portuguesa. Vejamos, por exemplo, a origem da palavra Deus, em
português, após citar seu elemento de composição derivado do grego theós, oû,
que em português originou te(o)- e formou diversas palavras, como teologia:
“Estudo das questões referentes ao conhecimento da divindade, de seus atributos
e relações com o mundo e com os homens, e à verdade religiosa”; teosofia:
“Conjunto de doutrinas religioso-filosóficas que têm por objeto a união do
homem com a divindade, mediante a elevação progressiva do espírito até a
iluminação” (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa) etc.
Excetuadas as palavra Pai e Senhor,
Mãe e Senhora, que, por tradição, são escritas com maiúsculas iniciais, ao se
referirem as primeiras a Jesus e a Deus, e as segundas a Maria, será que Deus,
nosso Pai, ficará bravo comigo por eu dizer que ele é bom, é a inteligência
suprema, Pai amoroso que, com seu amor divino, tudo
prevê e provê? Esse mesmo caso de
referências pronominais, adverbiais e adjetivais aplica-se a Jesus e Maria.
Àqueles que discordam de mim, cito duas
bíblias que, na língua portuguesa, não destacam pronomes, advérbios e adjetivos
relativos à divindade. Uma é a Bíblia Sagrada traduzida por João
Ferreira de Almeida, 4. ed. revista e corrigida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica
do Brasil, 2011; a outra é a Bíblia de Jerusalém, 3. ed. São Paulo:
Paulus, 2004. Daquele a quem Jesus nos ensinou ser nosso Pai só emana
amor e luz.
Senhor, de ti me despeço, tu
que és o todo-poderoso criador do céu e do universo. De ti,
tudo deriva, inclusive estas palavras, que também se aplicam a Cristo e a
Maria, santíssima mãe de Jesus. É profanação o que escrevo? Espero que
não. Sendo tu o amor maior, Senhor meu Deus, dedico-te o
poema abaixo, certo de que nenhuma palavra é suficiente para exaltar-te a grandeza
divina. Por fim, peço-te me abençoe e ilumine na colheita dos frutos
provindos de ações maiúsculas. E que este teu filho insignificante possa
um dia resplandecer na tua sublime luz como nos recomendou o Cristo.
O T DE THEÓS
O t de Deus não
deve ser maiúsculo,
ele é t
simplesmente, mas não T
que esteja destacado
ao se escrever
pronomes te, ti,
todo, tudo e tu.
Entretanto o seu t
está em tudo:
tanto ele é
totalmente senciente,
quanto ele é
plenamente onisciente;
tanto sou deus,
como também és tu...
Pois Deus está
também no próprio átomo:
tem t nos prótons
e tem t nos nêutrons,
tem t na
eletrosfera e, entre os elétrons,
o Espírito Divino
está no vácuo.
Ali, do
microscópico finito,
nada é vazio ao t
de nosso Pai,
porque o criador
em tudo está,
sua vontade vai ao
infinito.
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