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sexta-feira, 3 de junho de 2022

 A SUBLIME POESIA DE MARIA DOLORES



COM TODO AMOR
 
Era sim. Eu era a teimosia em pessoa.
Lembra-se, Mãezinha, de quando me ocultava para fugir de você?
Escutava seus gritos, suas palavras ternas:
— “Venha cá. Mamãe está chamando...”
Ouvia tudo e arrancava-me para longe.
E, quando me achava de novo em casa, era bastante que o seu olhar indagador me fitasse para que me pusesse a agredir:
— “Você, Mamãe, não me entende... Nunca entendeu... Nada. Quero viver minha vida que é diferente da sua. Deixe-me em paz...”
Percebia que os seus olhos se erguiam para mim, molhados de lágrimas que não chegavam a cair, sem qualquer palavra de reprovação ou de queixa.
Hoje, que a experiência me renovou, creio que o seu silêncio devia ser uma conversa com Deus a meu respeito, que eu não procurava, nem queria compreender.
Agora, porém, anseio confessar que todas as minhas frases tocadas de aspereza e de ingratidão eram mentira pura.
Por que passaria tanto tempo sem que eu lhe dissesse isto?
Em verdade, nunca encontrei um amor igual ao seu.
A vida nos separou com a rudeza da tesoura que corta um ramo florido da árvore em que nasceu. Qual sucede à flor arrebatada aos braços da fronde, muitos disseram que eu ia para a festa...
Entretanto, de todas as festas a que o mundo me conduziu, sempre me retirei com mais sede da sua ternura, da sua ternura transitoriamente perdida.
Seu amor está em meu coração, como a vida que se entranha em minh’alma. Seus gestos de
carinho permanecem comigo como estrelas no céu noturno.
Perdoe-me pelas cruzes de aflição que dependurei no seu peito, mas ouça, Mãezinha!... Deus não permitirá que o seu sacrifício tenha sido em vão.
Venho beijar-lhe os cabelos, que a prata do tempo começou a enfeitar de luz, e, ao rever-me no espelho cristalino do seu olhar, observo quanto mudei!...
Ampare-me, não me abandone!... E, se posso pedir alguma cousa com o pranto de meu reconhecimento, rogo incline o ouvido para os meus lábios. Anseio revelar um segredo... Unicamente entre nós. Você e eu...
Isto agora é tudo quanto quero falar:
— Você, Mamãe, sempre me compreendeu... Sei agora que nunca nos separamos. Abrace-me... Está sentindo? Meu coração está pulsando pelo seu coração...
Abrace-me... Mais ainda!... Tenho fome do seu amor... Abençoe-me, ensine-me a conversar também com Deus e deixe que eu diga que nunca serei feliz sem você.
 
MARIA DOLORES (Espírito). In: ESPÍRITOS DIVERSOS. Os dois maiores amores. Psicografado por Chico Xavier. 4. ed. São Bernardo do Campo, SP: Grupo Espírita Emmanuel (GEEM), 2010.

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