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domingo, 23 de outubro de 2022

 


26 DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBER
 
Dom de curar - Preces pagas - Vendilhões expulsos do templo - Mediunidade gratuita.
 
26.1 Dom de curar
 
Restituam a saúde aos enfermos, ressuscitem os mortos, curem os leprosos, expulsem os demônios; deem de graça o que de graça receberam. (Mateus, 10:8)
 
            "Deem de graça o que de graça receberam", disse Jesus aos seus discípulos. Por essa recomendação, estabelece que não se deve cobrar por aquilo que nada custou. Ora, o que eles haviam recebido de graça era a faculdade de curar os doentes e de expulsar os demônios, ou seja, os maus espíritos. Esse dom lhes fora dado gratuitamente por Deus, para alívio dos que sofrem e para ajudar na propagação da fé. Ele lhes diz que não o transformem em objeto de comércio ou de especulação, nem em meio de vida.
 
26.1.1 Preces pagas
 
Disse ele em seguida a seus discípulos, na presença de todo o povo que o escutava: Evitem os escribas, que desfilam com longas roupas, gostam de ser saudados nas praças, de ocupar as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros assentos nos banquetes; que a pretexto de longas preces devoram as casas das viúvas. Essas pessoas receberão condenação mais rigorosa. (Lucas, 20:45- 47, Marcos, 12:38- 40; Mateus, 23:14)
 
            Disse ainda Jesus: Não aceitem pagamento por suas preces. Não façam como os escribas, que "a pretexto de longas preces devoram as casas das viúvas", isto é, apropriam-se das fortunas. A prece é um ato de caridade, um impulso do coração; cobrar por aquelas que se dirige a Deus pelos outros é transformar-se em intermediário assalariado. A prece se transforma, então, numa fórmula que é cobrada segundo o seu tamanho. Ora, de duas, uma: Deus mede ou não mede suas graças pelo número das palavras; se forem necessária muitas, como dizer apenas algumas, ou quase nada, por aquele que não pode pagar? Isso é falta de caridade. E se uma palavra é suficiente, o excesso é inútil. Então, como cobrá-lo? É uma prevaricação.
            Deus não vende os benefícios que ele concede. Por que, então, quem nem sequer é o seu distribuidor, que não pode garantir sua obtenção, cobra por um pedido que talvez não lhe traga nenhum resultado? Deus não pode subordinar um ato de clemência, de bondade ou de justiça que se solicita de sua misericórdia, a um determinado pagamento; mesmo porque, se o fizesse, o pagamento não sendo efetuado, sendo insuficiente, a justiça, a bondade e a clemência de Deus ficaria em suspenso. A razão, o bom senso, a lógica, dizem-nos que Deus, a perfeição absoluta, não pode delegar a criaturas imperfeitas o direito de estabelecer preços para sua justiça. A justiça de Deus é como o Sol, que se distribui para todos, para o pobre como para rico. Se consideramos imoral traficar com as graças de um soberano da Terra, seria lícito vender as do Soberano do Universo?
            As preces pagas têm ainda outro inconveniente: aquele que as compra se julga, no mais das vezes, dispensado de orar por si mesmo, pois considera-se livre dessa obrigação, desde que deu seu dinheiro. Sabe-se que os espíritos são tocados pelo fervor do pensamento dos que se interessam por eles. Qual pode ser o fervor daquele que paga um terceiro para orar por ele?  Qual o fervor desse terceiro quando delega seu mandato a outro, este a outro, e assim por diante? Não será isso reduzir a eficácia da prece ao valor duma moeda corrente?

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