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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

 


ANOTAÇÃO FRATERNA
 
Ouço-te, alma querida, a pergunta frequente:
– “Como vencer tanta barreira à frente?
Tanto empeço ao redor? Tanta prova em caminho?
Tanta pedra a cercar-me? Tanto espinho?
Como entender o lar em conflito constante?
Sinto me qual formiga, enfrentando um gigante,
– O gigante da dor em que me vejo...
Por que lutar assim, se a paz é o meu desejo?!...”
 
Se posso responder-te, apenas digo:
– Não te atormentes, coração amigo,
A vida sobre a Terra é internato na escola.
O sofrimento que te desconsola
Em cada fase vale por ensino
Que te habilite à promoção
A mais alto destino,
Na conquista ideal da perfeição...

Observa contigo a imensa caravana:
Os companheiros da família humana...
Não acharás ninguém sem luta e sem problemas...
Esse irmão, rente a nós, caminha nas algemas
Da enfermidade em que se desfigura;
Aquele, a tropeçar na desventura,
Suporta a incompreensão dos seres mais queridos;
Outro exibe nos ombros doloridos,
Embora ocultamente,
A cruz de quem governa muita gente,
Sem que o mundo perceba quanto dói
O fardo que o mantém
Preso ao nobre suor de quem serve e constrói
Para a extensão do bem;
Outros se arrastam carregando
Tribulações em bando:
Filhos em lamentável rebeldia,
Buscando a fuga em marcha estranha e cega,
Voltando ao lar depois pela senda sombria
Do presídio da angústia que os segrega
E amargas provações que surgem de surpresa,
Desânimo, penúria, abandono, tristeza...
Entretanto, alma boa,
Não te revoltes, segue!... Ama, perdoa,
Aceita-te como és e trabalha onde estás...
Obrigação cumprida é o caminho da paz.
 
Sofre e abençoa, chora mas porfia
Aprendendo as lições de cada dia...
 
A existência na Terra é a subida escarpada
E o dever nos recorda o símbolo da cruz;
Segue e agradece a Deus a aspereza da estrada
Que te eleva da sombra à exaltação da luz!...


DOLORES, Maria. A vida conta. Psicografia de F. C. Xavier. 1980.


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