Páginas

domingo, 9 de outubro de 2022

 


25.2 Olhem as aves do céu
 
            Não queiram entesourar para vocês tesouros na Terra, onde a ferrugem e a traça os consomem, e onde os ladrões os desenterram e roubam. Mas entesourem para vocês tesouros no Céu, onde não os consomem a ferrugem nem a traça, e onde os ladrões não os desenterram nem roubam. Porque onde está o tesouro, aí está também seu coração.
            Eis por que lhes digo: Não se inquietem pelo que comerão, nem para o sustento de sua vida, nem donde tirarão o que vestir. A vida não é mais que o alimento, e o corpo não é  mais do que as vestes?
            Olhem os pássaros do céu, que não semeiam, nem segam, não guardam provimentos nos celeiros; mas seu Pai celestial os alimenta. Vocês não valem muito mais do que eles? E qual de vocês pode acrescentar meio metro à sua altura? Por que também vocês estão preocupados pelo que vestem? Vejam como crescem os lírios do campo; eles não trabalham nem fiam; no entanto, nem mesmo Salomão, com toda a sua glória, se vestiu com um deles. Portanto, se Deus cuida vestir desse modo a erva dos campos, que existe hoje e amanhã é lançada ao forno, quanto maior cuidado não terá em lhes vestir, ó homens de pouca fé!
            Não se inquietem, portanto, dizendo: Que comeremos? Ou: que beberemos? Ou que vestiremos? Como fazem os pagãos que procuram todas estas coisas; porque seu Pai sabe que vocês necessitam de todas elas.
            Busquem primeiramente o Reino de Deus e sua justiça, que todas estas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se inquietem pelo dia de amanhã, porque o  amanhã de si mesmo cuidará;  a cada dia basta seu mal (Mateus, 6:19 a 21, 25 a 34).
 
            Essas palavras, interpretadas literalmente, seriam a negação de toda a previdência, de todo o trabalho e consequentemente de todo o progresso. Com tal princípio, o homem se reduziria a um passivo espectador. Suas forças físicas e intelectuais ficariam sem atividade. Se  essa tivesse sido a sua condição normal na Terra, o homem jamais sairia do estado primitivo, e se adotasse atualmente esse princípio, não teria mais nada a fazer. Esse não poderia ter sido o pensamento de Jesus, porque estaria em contradição com o que ele já dissera noutras ocasiões sobre as leis da Natureza. Deus criou o homem sem vestes e sem abrigo, mas deu-lhe a inteligência para fabricá-los (cap. 14, n° 6 e cap. 25, n° 2).
            Não se pode ver nessas palavras, portanto, mais do que uma alegoria poética da Providência, que jamais abandona os que nela confiam, mas com a condição de que também trabalhem. Se ela nem sempre os socorre materialmente, inspira-lhes as ideias com as quais sairão por si mesmos de suas dificuldades (cap. 27, n° 8).
            Deus conhece nossas necessidades, e a elas provê, conforme for necessário. Mas o homem, insaciável nos seus desejos, nem sempre contenta-se com o que tem. O necessário não lhe basta, ele quer também o supérfluo. A Providência, então, o entrega a si mesmo. Frequentemente ele torna-se infeliz por sua própria culpa e  por ignorar as advertências da voz da consciência. Deus o deixa sofrer as consequências, para que isso lhe sirva de lição no futuro. (5, n° 4).
            A Terra produzirá o suficiente para alimentar todos os seus habitantes, quando os homens souberem administrar os bens que ela dá, segundo as leis de justiça, caridade e amor ao próximo. Quando a fraternidade reinar entre os povos, como entre as províncias de um mesmo império, o supérfluo momentâneo suprirá a insuficiência momentânea de outro, e todos terão o necessário. O rico, então, considerará a si mesmo como um homem que possui grandes depósitos de sementes; se as distribuir, elas produzirão ao cêntuplo, para ele e para os outros; mas se as comer sozinho, se as desperdiçar e deixar que se perca o excedente do que comeu, elas nada produzirão, e não haverá o bastante para todos. Se as amontoar no seu celeiro, os vermes as devorarão. Eis porque Jesus disse: “Não acumulem tesouros na Terra, pois são perecíveis, mas acumulem-nos no Céu, onde são eternos. Noutras palavras, não deem mais importância aos bens materiais do que aos espirituais, e aprendam a sacrificar os primeiros em favor dos segundos. (cap. 16, nº 7 e segs.).
            Não é com leis que se decreta a caridade e a fraternidade. Se elas não estiverem no coração, o egoísmo sempre as sufocará. Fazê-las penetrar no coração é a obra do Espiritismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Viva a Cruz Vermelha! (Irmão Jó)   A Terra é um cipoal De ervas daninhas do mal.   A dor internacional Faz do mundo um hospital....