25.2 Olhem as aves do céu
Não queiram entesourar para vocês tesouros na Terra, onde
a ferrugem e a traça os consomem, e onde os ladrões os desenterram e roubam.
Mas entesourem para vocês tesouros no Céu, onde não os consomem a ferrugem nem
a traça, e onde os ladrões não os desenterram nem roubam. Porque onde está o
tesouro, aí está também seu coração.
Eis por que lhes digo: Não se inquietem pelo que comerão,
nem para o sustento de sua vida, nem donde tirarão o que vestir. A vida não é
mais que o alimento, e o corpo não é mais
do que as vestes?
Olhem os pássaros do céu, que não semeiam, nem segam, não
guardam provimentos nos celeiros; mas seu Pai celestial os alimenta. Vocês não valem
muito mais do que eles? E qual de
vocês pode acrescentar meio metro à sua altura? Por que também vocês estão
preocupados pelo que vestem? Vejam como crescem
os lírios do campo; eles não trabalham nem fiam; no entanto, nem mesmo Salomão,
com toda a sua glória, se vestiu com um deles. Portanto, se Deus cuida vestir
desse modo a erva dos campos, que existe hoje e amanhã é lançada ao forno, quanto
maior cuidado não terá em lhes vestir, ó homens de pouca fé!
Não se inquietem, portanto, dizendo: Que comeremos? Ou:
que beberemos? Ou que vestiremos? Como fazem os pagãos que procuram todas estas
coisas; porque seu Pai sabe que vocês necessitam de todas elas.
Busquem primeiramente o Reino de Deus e sua justiça, que todas estas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se inquietem pelo dia de amanhã, porque o amanhã de si mesmo cuidará; a cada dia basta seu mal (Mateus, 6:19 a 21, 25 a 34).
Essas palavras, interpretadas literalmente, seriam a negação
de toda a previdência, de todo o trabalho e consequentemente de todo o
progresso. Com tal princípio, o homem se reduziria a um passivo espectador. Suas
forças físicas e intelectuais ficariam sem atividade.
Se essa
tivesse sido a sua condição normal na Terra, o homem jamais sairia do estado
primitivo, e se adotasse atualmente esse princípio, não teria mais nada a
fazer. Esse não poderia ter sido o pensamento
de Jesus, porque estaria em contradição com o que ele já dissera noutras
ocasiões sobre as leis da Natureza. Deus
criou o homem sem vestes e sem abrigo, mas deu-lhe a inteligência para fabricá-los
(cap. 14, n° 6 e cap. 25, n° 2).
Não se pode ver nessas palavras, portanto, mais do que
uma alegoria poética da Providência, que jamais abandona os que nela confiam,
mas com a condição de que também trabalhem. Se ela nem sempre os socorre materialmente,
inspira-lhes as ideias com as quais sairão por si mesmos de suas dificuldades (cap.
27, n° 8).
Deus conhece nossas necessidades, e a elas provê,
conforme for necessário. Mas o homem, insaciável nos seus desejos, nem sempre
contenta-se com o que tem. O necessário não lhe basta, ele quer também o
supérfluo. A Providência, então, o entrega a si mesmo. Frequentemente ele torna-se
infeliz por sua própria culpa e por ignorar
as advertências da voz da consciência. Deus o deixa sofrer as consequências,
para que isso lhe sirva de lição no futuro. (5, n° 4).
A Terra produzirá o suficiente para alimentar todos os
seus habitantes, quando os homens souberem administrar os bens que ela dá,
segundo as leis de justiça, caridade e amor ao próximo. Quando a fraternidade
reinar entre os povos, como entre as províncias de um mesmo império, o supérfluo
momentâneo suprirá a insuficiência momentânea de outro, e todos terão o
necessário. O rico, então, considerará a si mesmo como um homem que possui grandes
depósitos de sementes; se as distribuir, elas produzirão ao cêntuplo, para ele
e para os outros; mas se as comer sozinho, se as desperdiçar e deixar que se
perca o excedente do que comeu, elas nada produzirão, e não haverá o bastante
para todos. Se as amontoar no seu celeiro, os vermes as devorarão. Eis porque
Jesus disse: “Não acumulem tesouros na Terra, pois são perecíveis, mas acumulem-nos
no Céu, onde são eternos. Noutras palavras, não deem mais importância aos bens
materiais do que aos espirituais, e aprendam a sacrificar os primeiros em favor
dos segundos. (cap. 16, nº 7 e segs.).
Não é com leis que se decreta a caridade e a
fraternidade. Se elas não estiverem no coração, o egoísmo sempre as sufocará.
Fazê-las penetrar no coração é a obra do Espiritismo.
Busquem primeiramente o Reino de Deus e sua justiça, que todas estas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se inquietem pelo dia de amanhã, porque o amanhã de si mesmo cuidará; a cada dia basta seu mal (Mateus, 6:19 a 21, 25 a 34).
Nenhum comentário:
Postar um comentário