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sábado, 19 de agosto de 2023

 
EM DIA COM O MACHADO 589:
OS SETE PECADOS CAPITAIS E SEU ANTÍDOTO POR MACHADO (Jó)


 
        Há algum tempo, Machado não me visitava os devaneios. Ontem à noite, preocupado com a revisão duma obra literária, que espero ver publicada nos próximos dias, adormeci muito tarde. Tão tarde, que já era hoje, pois fechei os olhos às duas horas. Foi então que o Bruxo do Cosme Velho apareceu-me e, após as saudações iniciais correspondidas, disse-me que gostaria de dialogar comigo sobre os sete pecados capitais e seu antídoto capital... Agradeci-lhe a proposta e ele começou a falar, não segundo a importância, mas na ordem alfabética de cada um:
        — A cada um desses vícios, contrapõe-se uma virtude. Começo pela avareza. Também chamada usura, ela é o excessivo apego ao dinheiro. Seu antídoto é a generosidade. Mas ninguém é avaro só por ser rico e, sim, pelo apego exagerado ao que tem. A avareza, como disse o Papa Gregório I,  é mãe de sete transgressões: dureza de coração, fraude, inquietude, mentira, perjúrio, traição e violência. É pecado próprio do egoísta.
        — Qual é o segundo pecado, Machado? Perguntei-lhe emocionado pela alta distinção de sua visita.
        — O segundo pecado é o da concupiscência ou luxúria, ou seja, o desejo excessivo de prazeres sensuais e de bens materiais, corrompedores dos costumes. Opõe-se a ela a castidade.
        — E o terceiro, mestre?
        — Mestre, mesmo, é Jesus Cristo, amigo Jó. O terceiro pecado de nossa lista é a gula. Seu antídoto é a temperança. Desejo incontido por alimento e bebida, a gula é causa de muitos males orgânicos.
        — Certo, ó guru! Vamos, então, para o quarto pecado.
        — É a inveja, desejo exacerbado pelas posses, habilidades, status, ou seja, por tudo o que outrem possui e o invejoso não tem. Opõe-se à caridade. Ao sentir-se mal pelo que o outro tem e ele ou ela não tem, tal pessoa não se conforma com isso. Por isso, recomendo-lhe discrição em relação às suas posses, mesmo que sejam ínfimas...
        — Sigamos para o quinto pecado, a ira ou cólera, certo?
        — Sim, Jó. Opõe-se à paciência. Sentimento de raiva e vontade de vingar-se, costuma impulsionar os povos aos conflitos bélicos.
        — O sexto é o orgulho ou soberba. Já sei que o amigo vai dizer-me que seu oposto é a humildade, não é mesmo?
        — Certo. Vejo que você se antecipa com acerto ao que lhe falaria, querido Jó. O orgulho, pior dos pecados capitais, é tido como a fonte de todos os vícios humanos.
        — Por fim, aparece a preguiça em nossa lista, generoso mentor.
        — Se não fosse Jesus, nosso modelo e guia, que nos afirmou que o Pai trabalha, e ele também trabalha, não teríamos a perfeita noção de quanto nos é prejudicial esse pecado, que se opõe à diligência, ao trabalho. A moleza tem sido empecilho a que pessoas inteligentes não prosperem. Por isso mesmo, uma de minhas frases conhecidas é a de que o trabalho move o mundo.
        Muito feliz, agradeci a visita de Machado. Ele sorriu, despediu-se e, ao reentrar em sua nave piramidal para partir, sugeriu-me concluir esta crônica com o poema do espírito Maria Dolores, verdadeiro antídoto contra quaisquer pecados:
 
Riqueza mais alta
 
Dizes-te, à vezes, pobre e sem recursos,
Que ninguém te sorri...
Entretanto, não vês que trazes, ao dispor,
Um tesouro de vida superior,
Que podes espalhar, começando de ti.
 
Ergue-se de teu verbo o ensejo santo
De transmitir o bem a quem te escuta
Exterminando o mal... Guardas, portanto,
A magia do Céu e o doce encanto
Da voz que estende a paz e extingue a luta.
 
Tens nos olhos e ouvidos sentinelas,
De modo a ver em ti e, em derredor,
Os males a vencer, rixas e bagatelas,
Na construção do bem pelo qual te desvelas,
Em louvor do melhor.
 
Tens nas mãos duas harpas prodigiosas
Capazes de entoar a melodia
Da beleza, do amor e da alegria,
Criando arte e cultura, luz e rosas
Ao sol de cada dia.
 
Dizes-te, às vezes, pobre e sem recursos,
Que ninguém te sorri...
No entanto, tens contigo, seja em qualquer lugar,
A bênção de servir e trabalhar,
A riqueza mais alta que já vi...
 
DOLORES, Maria (Espírito). Alma e Vida. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. São Paulo: Cultura Espírita União, 1984.


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