EM DIA COM O MACHADO
589:
OS SETE PECADOS
CAPITAIS E SEU ANTÍDOTO POR MACHADO (Jó)
— A cada um desses vícios, contrapõe-se uma virtude. Começo pela avareza. Também chamada usura, ela é o excessivo apego ao dinheiro. Seu antídoto é a generosidade. Mas ninguém é avaro só por ser rico e, sim, pelo apego exagerado ao que tem. A avareza, como disse o Papa Gregório I, é mãe de sete transgressões: dureza de coração, fraude, inquietude, mentira, perjúrio, traição e violência. É pecado próprio do egoísta.
— Qual é o segundo pecado, Machado? Perguntei-lhe emocionado pela alta distinção de sua visita.
— O segundo pecado é o da concupiscência ou luxúria, ou seja, o desejo excessivo de prazeres sensuais e de bens materiais, corrompedores dos costumes. Opõe-se a ela a castidade.
— E o terceiro, mestre?
— Mestre, mesmo, é Jesus Cristo, amigo Jó. O terceiro pecado de nossa lista é a gula. Seu antídoto é a temperança. Desejo incontido por alimento e bebida, a gula é causa de muitos males orgânicos.
— Certo, ó guru! Vamos, então, para o quarto pecado.
— É a inveja, desejo exacerbado pelas posses, habilidades, status, ou seja, por tudo o que outrem possui e o invejoso não tem. Opõe-se à caridade. Ao sentir-se mal pelo que o outro tem e ele ou ela não tem, tal pessoa não se conforma com isso. Por isso, recomendo-lhe discrição em relação às suas posses, mesmo que sejam ínfimas...
— Sigamos para o quinto pecado, a ira ou cólera, certo?
— Sim, Jó. Opõe-se à paciência. Sentimento de raiva e vontade de vingar-se, costuma impulsionar os povos aos conflitos bélicos.
— O sexto é o orgulho ou soberba. Já sei que o amigo vai dizer-me que seu oposto é a humildade, não é mesmo?
— Certo. Vejo que você se antecipa com acerto ao que lhe falaria, querido Jó. O orgulho, pior dos pecados capitais, é tido como a fonte de todos os vícios humanos.
— Por fim, aparece a preguiça em nossa lista, generoso mentor.
— Se não fosse Jesus, nosso modelo e guia, que nos afirmou que o Pai trabalha, e ele também trabalha, não teríamos a perfeita noção de quanto nos é prejudicial esse pecado, que se opõe à diligência, ao trabalho. A moleza tem sido empecilho a que pessoas inteligentes não prosperem. Por isso mesmo, uma de minhas frases conhecidas é a de que o trabalho move o mundo.
Muito feliz, agradeci a visita de Machado. Ele sorriu, despediu-se e, ao reentrar em sua nave piramidal para partir, sugeriu-me concluir esta crônica com o poema do espírito Maria Dolores, verdadeiro antídoto contra quaisquer pecados:
Que ninguém te sorri...
Entretanto, não vês que trazes, ao dispor,
Um tesouro de vida superior,
Que podes espalhar, começando de ti.
De transmitir o bem a quem te escuta
Exterminando o mal... Guardas, portanto,
A magia do Céu e o doce encanto
Da voz que estende a paz e extingue a luta.
De modo a ver em ti e, em derredor,
Os males a vencer, rixas e bagatelas,
Na construção do bem pelo qual te desvelas,
Em louvor do melhor.
Capazes de entoar a melodia
Da beleza, do amor e da alegria,
Criando arte e cultura, luz e rosas
Ao sol de cada dia.
Que ninguém te sorri...
No entanto, tens contigo, seja em qualquer lugar,
A bênção de servir e trabalhar,
A riqueza mais alta que já vi...
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