O EVANGELHO POR
EMMANUEL
Comentários
ao Evangelho Segundo Lucas (4.ª f.-30/08/2023)
Na
mesma região havia pastores que pernoitavam no campo e realizavam a vigília
noturna do seu rebanho. E se aproximou um anjo do Senhor, a glória do Senhor
iluminou ao redor deles, e encheram-se de grande temor. Disse-lhes, porém, o
anjo: Não tenhais medo! Eis que vos trago boas-novas de grande alegria, que
será de todo o povo, porque nasceu para vós, hoje, um salvador, que é o Cristo
Senhor, na cidade de Davi. (Lucas, 2: 8-11)
Senhor!
Enquanto as melodias do Natal nos
enternecem, recordamos também, ante o céu iluminado, a estrela divina que te
assinalou o berço na palha singela!...
De novo, alcançam-nos os ouvidos as
vozes angélicas:
— Glória a Deus nas Alturas, paz na
Terra, boa vontade para com os homens!...
E lembramo-nos do tópico
inesquecível da narrativa de Lucas:
“Havia
na região da manjedoura pastores que viviam nos campos e velavam pelos rebanhos
durante a noite; e um anjo do Senhor desceu onde eles se achavam e a glória do
Senhor brilhou ao redor deles, pelo que se fizeram tomados de assombro... O
anjo, porém, lhes disse: ‘Não temais! Eis que vos trago boas novas de grande alegria,
que serão para todo o povo... É que hoje vos nasceu, na cidade de David, o
Salvador, que é o Cristo, o Senhor”.
Desde o momento em que os pastores
maravilhados se movimentaram para ver-te, na hora da alva, começaste, por
misericórdia tua, a receber os testemunhos de afeição dos filhos da Terra.
Todavia,
muito antes que te homenageassem com o ouro, o incenso e a mirra, expressando a
admiração e a reverência do mundo, o teu cetro invisível se dignou acolher, em
primeiro lugar, as pequeninas dádivas dos últimos!
Só tu sabes, Senhor, os nome
daqueles que algo te ofertaram, em nome do amor puro, nos instantes da
estrebaria:
A
primeira frase de bênção...
A
luz da candeia que principiou a brilhar quando se apagaram as irradiações do
firmamento...
Os
panos que te livraram do frio...
A
manta humilde que te garantiu o leito improvisado...
Os
primeiros braços que te enlaçaram ao colo para que José e Maria repousassem...
A primeira tigela de leite...
O
socorro aos pais cansados...
Os
utensílios de empréstimo para que te não faltasse assistência...
A
bondade que manteve a ordem, ao redor da manjedoura, preservando-a de possíveis
assaltos...
O feno para o animal que devia
transportar-te...
Hoje, Senhor, que quase vinte
séculos transcorreram, sobre o teu nascimento, nós, os pequeninos obreiros
desencarnados, com a honra de cooperar em teu Evangelho Redivivo, pedimos vênia
para algo te ofertar... Nada possuindo de nós, trazemos-te as páginas simples
que Tu mesmo nos inspiraste, os pensamentos de gratidão e de amor que nos
saíram do coração, em forma de letras, em louvor de tua infinita bondade!
Recebe-os, ó Divino Benfeitor! Com a
benevolência com que acolheste as primeiras palavras de respeito e os primeiros
gestos de carinho com que as criaturas rudes e anônimas te afagaram na gloriosa
descida à Terra!... E que nós – espíritos milenares fatigados do erro, mas
renovados na esperança – possamos rever-te a figura sublime, nos recessos do
coração, e repetir, como o velho Simeão, após acariciar-te na longa vigília do
Templo:
— “Agora, Senhor, despede em paz os
teus servos, segundo a tua palavra, porque os nossos olhos viram a
salvação!...”
(Antologia mediúnica do Natal.
FEB Editora. Prefácio)
O
anúncio divino
Pois,
na cidade de David, nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Lucas: 2-11
A palavra do anjo aos pastores
continua vibrando sobre o mundo, embora as sombras densas que envolvem as atividades
dos homens.
Como aconteceu, há dois mil anos, a
Espiritualidade anuncia que nasceu o Salvador.
Onde se encontram os que desejam a
luminosa notícia?
Nas cidades e nos campos, há
multidões atormentadas, corações inquietos, almas indecisas.
Muita gente pergunta pela Justiça do
Céu.
Longas fileiras de criaturas
procuram os templos da fé, incapazes, porém, de ouvir o anúncio Divino.
A família cristã, em grande parte,
experimenta a incerteza dos mais fracos.
Muitos discípulos cuidam somente de
política, outros apenas de intelectualismo ou de expressões sectárias.
Entretanto, sem que o Cristo haja
nascido na “terra do coração”, a política pode perverter, a filosofia pode
arruinar, a seita é suscetível de destruir pelo veneno da separatividade.
A paisagem humana sempre exibiu os
quadros escuros do ódio e da desolação.
No longo caminho evolutivo, como sempre,
há doentes, criminosos, ignorantes, desalentados, esperando a Divina Influência
do Mestre.
Muitos já ouviram ou pregaram as
mensagens do Evangelho, mas, não desocuparam o coração para que Jesus os
visite.
Não renunciam às cargas pesadas de
que são portadores e, cedo ou tarde, dão a prova de que, nos serviços da fé,
não passaram de ouvintes ou transmissores.
No íntimo, não obstante a condição
de necessitados, guardam, ciosamente, o material primitivista do “homem velho”.
Esquecem-se de que Jesus é o amigo
renovador, o Mestre que transforma.
Os séculos transcorrem. As
exigências de cada homem sucedem-se no caminho terrestre.
E a espiritualidade continua
convidando as criaturas para as esferas mais altas.
Bendito, assim, todo aquele que
puder ouvir a voz do anjo que ainda se dirige aos simples de coração, sentindo
entre as lutas terrestres, que o Cristo nasceu hoje no país de sua alma.
Aprende
a viver o minuto que Deus te empresta no corpo físico, amealhando a luz do
conhecimento nobre e fazendo aos outros o bem que possas.
(Mentores e seareiros. Ed. IDEAL.
Cap. “O anúncio divino”)
Saudando
o Natal
“Ninguém se mostrou, até hoje, na
Terra, sob tamanhos contrastes.
Jesus
Cristo!…
Senhor e servo.
Zénite da luz espiritual a
ocultar-se nas sombras da meia-noite.
Exaltação e humildade.
Emissário de Deus, em socorro dos
homens, não teme acolher-se ao reduto dos animais para desvincular-se de todos
os preconceitos dos homens, a fim de abraçá-los e servi-los, sem distinção, por
irmãos genuínos e, tanto quanto Ele próprio, filhos de Deus.
Desde então, astro consciente, desce
das estrelas para estancar o sofrimento de mansardas escuras, e faz-se o viajor
de rincões singelos, acendendo clarões inextinguíveis na marcha dos povos!…
Embaixador da Misericórdia Divina,
sob o impacto da miséria humana, sol da vida, dissipando as trevas da morte!…
Severidade de juiz, à frente do mal, brandura materna ante aqueles que o mal
encarcera por vítimas…
Jesus Cristo!… o Salvador que não
salvou a si mesmo, a fim de realmente salvar!… No quadro de todos os
triunfadores do mundo, é ele o supremo vencedor, porque deu a si mesmo pelo bem
de todos, amando e servindo até à morte e além da morte! Por isso mesmo, de
Natal a Natal, perante todas as lutas e conflitos da humanidade, repleta-se o
mundo de esperança, ouvindo, de novo, o cântico inesquecível das milícias
celestiais:
– Glória a Deus nas Alturas, paz na
Terra, boa vontade para com os homens!… (Reformador,
dez. 1968, p. 267)
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