Em dia com o Machado 246 (jlo)
Acabei
de ler um artigo para o jornal A Tarde,
escrito pelo grande tribuno e médium Divaldo Pereira Franco. O título do texto
é Viagens. Em vida, fiz muitas dessas incursões pelos labirintos da mente, que
relatei. Dali, extraí diversas excursões pelos mais remotos recantos da Terra.
Estive na França, na Índia, visitei os EUA, passei pela Itália, Grécia, Roma;
desci até a Venezuela, Paraguai, Uruguai, Argentina e confraternizei com nossos
irmãos de além-mar lusitanos...
Tantas
foram minhas viagens mentais, sem sair do lugar, que um dos teóricos de minha
obra escreveu o livro intitulado O
viajante imóvel (Luciano Trigo); outro descreveu O mundo de Machado de Assis (Miécio Táti); um grande teórico, também
renomado advogado, meu admirador, relatou minhas acrobacias políticas em A pirâmide e o trapézio (Raymundo Faoro)
e ainda foram proporcionadas viagens a este viajor mental com base nos Transportes pelo olhar de Machado de Assis
(Ana Luzia Andrade). A relação é grande, mas o espaço é pequeno...
Em
todas essas e outras obras, a bondade e a gentileza de seus autores estiveram presentes,
relatando meus devaneios literários, ainda que, fisicamente, poucas vezes me afastei
do Rio de Janeiro; quando isso ocorreu, meus limites ficaram circunscritos aos
estados do Rio e Minas.
Agora,
desta dimensão em que podemos nos transportar com mais liberdade ao interior das
elucubrações mentais dos seres humanos como eu, percebo que há muitas teorias
sobre o surgimento dos seres vivos e, em especial, do homem, na Terra. O grande
problema é que se considera ciência, no mundo, apenas os estudos e as
descobertas da Biologia, da Física e da Química. Fora do laboratório não há vida,
para tais pesquisadores. Daí, tudo ser atribuído à matéria é outra viagem.
Entretanto,
não há antropologista, filósofo, historiador, psicólogo ou sociólogo, entre
outros pesquisadores bem-informados, os quais desconheçam que, em suas origens,
o ser humano sempre acreditou na metafísica. No início, observando-se a si mesmo,
bem como a natureza, com suas coisas e seres, este constatou que possuía uma alma e,
como não conseguia entender as maravilhas e perigos da natureza, passou a
cultuar suas coisas, fenômenos e seres.
Era o animismo, pai de todas as
religiões.
De dez a doze mil anos para cá, o homem teria evoluído
tanto que passou a dominar muitos desses fenômenos, graças à sua inteligência e capacidade
criativa únicas. É quando alguns, julgando-se mais espertos que os demais,
começaram suas perquirições, criaram suas hipóteses e, com base nelas
construíram teorias que, após algum tempo, são substituídas pelas de outros
humanos, agora denominados cientistas, na presunção de explicar o inexplicável...
A
mais aberrante teoria, que, ainda assim, é adotada por grande número de
pesquisadores das citadas disciplinas, é a de que o pensamento se origina em
nosso cérebro. Vinculada a ela, mas já em descrédito por muitos estudiosos sensatos, é a
de que o cérebro humano, por sua complexidade neurológica, torna-nos mais
inteligentes do que os outros animais. Entretanto, as comparações feitas entre
o tamanho e a complexidade do cérebro humano com o dos demais animais não nos
garantem ser essa a causa da superioridade propalada que, se nos permite
projetar viagens a outros corpos astrais, também nos faz viajar a imensuráveis espaços metafísicos.
Então, volto a dizer a todos os pseudocientistas:
suas especulações, com base na matéria, são incompletas, pois os elementos da
natureza são Deus, espírito e matéria. Le
première, Dieu est
l’intelligence suprême, cause première de toutes choses; o segundo, o Espírito é o ser inteligente da
criação; e o terceiro elemento, a matéria, nada mais é do que o “instrumento” utilizado
pelo Espírito para exercer sua ação ou, na definição de outro espírito, “energia
coagulada”.
— Meu caro Bruxo, que viagem!...
— É, meu amigo, mas esta vale a pena
fazer. Comece pela leitura de O livro dos
espíritos de Allan Kardec e você fará a mais extraordinária viagem, sem
sair do lugar, ao menos fisicamente.
— Merci
beaucoup!
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