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segunda-feira, 16 de novembro de 2020

 EM DIA COM O MACHADO 445: a FEB e as Grandes Lutas do Espiritismo Cristão (Jó) 

Enquanto os bons não se unirem na defesa das Verdades Divinas Eternas, o mal fará grandes estragos nas almas juvenis – Jó 

         Estive conversando com Machado de Assis, nesta madrugada, sobre a missão do Espiritismo na Terra. Quando perguntei ao  Bruxo do Cosme Velho o que achava da difusão dessa Doutrina Consoladora no mundo, ele respondeu-me o seguinte:

         — Indubitavelmente, como Consolador prometido por Jesus à Humanidade, o Espiritismo atingirá todas as consciências. — Então, tornei a questionar-lhe:

         — Mas tantas divergências de interpretações, por diversos grupos de estudiosos, não dificultará o cumprimento da promessa de Jesus? — Foi aí que ele me recordou a pergunta número 798 de Allan Kardec inserida n'O Livro dos Espíritos:

 

— O Espiritismo tornar-se-á crença geral ou continuará sendo professado apenas por algumas pessoas? — Respondeu-lhe um dos enviados do Cristo:

— Certamente que o Espiritismo  tornar-se-á crença geral e marcará nova era na história da Humanidade, porque está na natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos. Entretanto, terá que sustentar grandes lutas, mais contra os interesses do que contra a convicção, pois não se pode dissimular a existência de pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais. Porém, seus contraditores tornar-se-ão cada vez mais isolados, serão forçados a pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridículos.

 

         — Temos observado, entretanto, amigo Machado, que grande número de pessoas incautas vêm combatendo ostensivamente honorável instituição, no Brasil, com 137 anos de trabalho abnegado em prol da divulgação espírita. Isso não é muito prejudicial à missão libertadora das almas no mundo, proporcionada pelo Espiritismo?

         — É verdade! A Casa que tem por lema: "Deus, Cristo e Caridade" vem sendo impiedosamente atacada por questões vernáculas pouco relevantes em suas edições de livros impressos ou eletrônicos.  Esses são grupos muito mais atentos à letra, que mata, do que ao espírito, que vivifica, consoante palavras do apóstolo Paulo em 2 Coríntios, 3:6. Certamente, como toda editora responsável, a FEB não deixará jamais de corrigir os equívocos, pequenos, ressalte-se, decorrentes de uma ou outra palavra ou expressão equivocadamente em desacordo com as edições definitivas de seus autores encarnados e desencarnados. Mas é descaridoso espalhar aos quatro cantos do mundo que ocorreram, aqui e ali, alguns equívocos linguísticos formais.

         "Se seus próprios adeptos não se entendem — dirão os adversários da Doutrina Consoladora —, como poderemos confiar nessa doutrina?" O que se deve fazer, quando se tem boa intenção, é informar, exclusivamente, à própria Instituição tais enganos, muitas vezes provocados por revisores voluntários bem-intencionados, mas desatentos, ainda que com formação universitária relevante. Se ela não responder, cobre dela a resposta... É desse modo que todos os enganos pertinentes serão corrigidos e não com espalhafatos difamatórios, pelos meios de comunicação modernos, que depõem tanto contra a entidade como contra a própria difusão do Espiritismo.

         — Por que pertinentes, nobre amigo, há alguns que não o sejam?

         — Sim. Embora alguns acertos sempre precisem ser feitos, como ocorre nas edições de quaisquer editoras, por vezes são feitas enormes digressões para acusar erro inexistente, ou já corrigido, como ocorreu em relação à obra Paulo e Estêvão, que nobre irmão apontou mais elucubrações de sua mente exaltada pelos diversos títulos acadêmicos conquistados do que na realidade existem, desde a primeira edição do livro.

         — Você poderia exemplificar, bondoso Machado?

         — Sim. Darei apenas um exemplo, para não alimentar mais polêmicas. Eis o que diz o crítico, cujo nome e elevada titulação me abstenho de citar, por caridade fraterna:

 

Na 17ª edição, os Autores assim compuseram a seguinte passagem: “os coríntios riam gostamente” (p. 431). Na atualização feita pela 45ª ed., grafou-se: “os coríntios riam gostosamente” (p. 383).

Gostamente é forma adverbial vernácula, encontrável nos autores clássicos de maior feição lusitanizante. Assim é que, entre os contemporâneos, se lê do escritor e jornalista angolano João Melo no conto “Madinusa”: “(...)  alheia a esses receios de G.W. Bush — que, como os brasileiros, eu chamaria gostamente de ‘bobos’” (Contos do mar sem fim. Rio de Janeiro: Pallas, 2010).

Também no Brasil a expressão está presente em alguns cronistas, como Pedro Rogério do Couto Moreira, nascido em 1946: Meio? - ri gostamente o escritor. - Era inteiramente” (Jornal Amoroso: Edição Vespertina. Brasília: Thesaurus Editora, 2007, p. 159).

Os Autores de Paulo e Estêvão fizeram, então, uso consciente, pois, na introdução, tinham usado forma alternativa: “Templos e devotos entregam-se, gostosamente, às situações acomodatícias” (17ª ed., p. 8; 45ª ed., p. 8).

Aqui, a revisão editorial desafeiçoou-se inteiramente do talhe estilístico aposto à obra.

 

         Aqui está o que de fato ocorre, verificado em confronto da primeira edição citada pelo nobre crítico com a 45ª ed., comentada por ele, conforme informação decorrente de cuidadosa análise feita por colaborador da Casa de Ismael: "O 'erro' que induziu o senhor X a esse estudo louvável, mas equivocado em relação a esta palavra, não ocorre na 45ª ed., que reproduz a grafia anotada na 1ª ed. de 1942: “gostosamente”, p. 437 desta edição".

         — Ou seja, amigo de Assis, tanto na 1ª ed. como na 45ª ed. não existe a palavra "gostamente", pois elas contêm apenas a palavra: "gostosamente". Nosso ego faz-nos ver "chifres em cabeça de cavalo".

         Para finalizar, Machado de Assis repetiu as palavras que estão impressas na obra que Emmanuel ditou a Chico Xavier e Waldo Vieira em 1965, intitulada Entre irmãos de outras terras, no segundo capítulo: "Certifiquemo-nos, pois, de que na difusão dos princípios espíritas estamos todos em luta do bem para a extinção do mal e de que ninguém alcançará a suspirada vitória sem a vontade de aprender e a disposição de trabalhar".

Ao nos despedirmos, lembramo-nos do alerta de Allan Kardec, como lemos na obra Viagem Espírita em 1862 e Outras Viagens: Resposta de Allan Kardec ao convite dos espíritas de Lyon e de Bordeaux:

 

Não vos esqueçais de que a tática de vossos inimigos encarnados e desencarnados é dividir-vos. Provai-lhes que perderão o tempo se tentarem suscitar entre os grupos sentimentos de inveja e rivalidade, que seriam uma apostasia da verdadeira Doutrina Espírita cristã.

 

É, meus amigos, como também disse o Codificador do Espiritismo, em mensagem citada nessa mesma obra, se "Fora da caridade não há salvação, também fora da caridade não há verdadeiro espírita". Vamos ler, divulgar a Santa Doutrina de Jesus à luz do Espiritismo, mas não nos esqueçamos de suas palavras: "Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem" (João, 13:35).

Atacar uma instituição que conta com o trabalho abnegado de irmãos de boa vontade é atacar esses mesmos confrades. Só a caridade, no sentido de "Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros,  perdão das ofensas", como lemos na resposta à questão 886 d'O Livro dos Espíritos, mostrará que trabalhamos lado a lado com Jesus na difusão espírita.

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