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terça-feira, 10 de novembro de 2020

 

Em dia com o Machado 444:

Uma infâmia! (Jó)

 

        — A verdade é que Henri Sausse, sem pensar muito nas consequências de suas palavras, criou o que se chama, atualmente, a "teoria da conspiração". Essas são palavras do Dr. em lógica Cosme Massi em entrevista concedida ao portal Luz Espírita.

        Tudo isso porque, quinze anos após a desencarnação de Allan Kardec, seu biógrafo, o próprio Sausse, "descobriu" alterações presentes em todas as edições que se seguiram à 5ª edição de  A gênese. E, pasme-se, leitor, o biógrafo jamais percebera que, desde então, a obra trazia, na folha de rosto, a informação de que fora "revisada, corrigida e aumentada".

        Nota: a 5ª edição, embora sem data, informava, em sua ficha catalográfica, que era de 1872. O artigo de Sausse foi publicado em 1884, dois anos após a morte da esposa de Kardec, Amélie Boudet que, tendo assumido a condição de sócia majoritária da Sociedade Anônima, desde julho de 1869, em todos esses anos podia ler, estampada na folha de rosto da 5ª edição e seguintes, aquela informação.

        Em longa entrevista publicada no site referido, Massi deixa claro que nenhum dos argumentos citados por uma pesquisadora, cujo nome optamos por não citar, resiste aos princípios da lógica. Todos, mesmo o que ele adota, citado acima, bastante evidente, por estar à disposição da viúva de Kardec e seus continuadores, não constituem prova alguma de que as alterações tenham sido feitas por Kardec ou por outra pessoa. O que ficam evidentes são as alterações.

        As acusações de adulterações, entretanto, são muito graves. Caso isso se confirmasse, estaríamos diante de crime jamais denunciado pela principal interessada, cuja idoneidade moral sempre foi reconhecida por todos, inclusive pelos acusadores, sem prova. E acresce-se a isso a elevada capacidade intelectual de Amélie, que foi autora de livro e professora.

        Pois bem, não cabe neste espaço relatar todos os argumentos lógicos do criador da Kardecpedia, mas todos eles foram demonstrados por Massi como sendo falaciosos. Para se aceitar um argumento como válido, segundo os princípios da lógica, seria preciso que três elementos estivessem presentes, e todos fossem válidos: premissa maior, premissa menor e conclusão. "Negar uma prova, nada prova". Para se provar algo é preciso contrapor ao que for negado algo provado.

        Assim sendo, explica Cosme: "Negar prova não significa admitir o contrário". Como exemplo disso, cita a teoria de um matemático que, durante trezentos anos, foi contestada, sem que se provasse estar ela errada. Por fim, surgiu a prova cabal de que a teoria estava correta. Ou seja, contestar, duvidar, refutar algo não é provar o contrário.

        Por outro lado, assegura Massi, que há trinta anos lê A gênese, como as demais obras de Allan Kardec: Nada do que se alega ter sido "adulterado" prejudica o sentido lógico, próprio das ideias de Kardec. A própria ideia do corpo fluídico de Jesus não admitida pelo Codificador ali permanece integralmente.

        Para desespero dos falaciosos, eis que foi descoberta, noutro país, obra com os mesmos conteúdos e informações da 5ª edição de A Gênese, embora os adeptos da "teoria da conspiração" possam continuar insistindo em tentar provar suas acusações. Consta, na biblioteca nacional da Suíça, outra quinta edição de A gênese que, ao ser confrontada com a que está sendo acusada de "adulterações", verifica-se que, desde 1869, antes de sua morte, Allan Kardec já havia feito e entregue à publicação todas as suas modificações e informado isso na folha de rosto da obra contestada.

        Descrer disso, amigo leitor, é desacreditar Amélie Boudet, a íntegra esposa do Codificador, que sempre defendeu, sem tergiversar, a obra de Allan Kardec. E isso, no meu humilde ponto de vista, é "uma infâmia"!

 

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