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sábado, 12 de março de 2022

 

A SUBLIME POESIA DE MARIA DOLORES




APARÊNCIAS

 

Não julgues, nem recrimines

Irmãos que vês em festança,

Às vezes, quem grita e dança,

No auge da exaltação,

Tem no peito atormentado

Um vaso de fogo lento,

Argila de sofrimento

Em forma de coração.

 

Esse homem que se agita,

Em gestos de embriagado,

É um amigo abandonado

Pela esposa que o não quer...

Possui filhinhos chorosos,

Rogando a materna estima,

É um palhaço que lastima

A deserção da mulher.

 

Aquela jovem que passa,

Gingando, descontraída,

É quase pobre suicida

Pelas angústias que traz,

Quis ser livre sem trabalho,

Mas correu e caiu fundo,

Nos desencantos do mundo,

Entre os quais sofre sem paz.

 

Outro transporta consigo

Amarga doença oculta;

Em outro, o que mais avulta

É a roupagem de esplendor;

No entanto, o que mais sente

Nas explosões de alegria,

É a solidão que irradia

A triste fome de amor.

 

Nunca reproves. Respeita.

Eu também nos tempos idos,

Cantei, guardando gemidos,

Lamentando os erros meus!...

Às vezes, quem grita e ginga,

Tangendo guizos por fora,

Por dentro é alguém que chora

Buscando a bênção de Deus

 

MARIA DOLORES (Espírito). Caminhos do Amor. Psicografado por Chico Xavier. São Paulo: CEU, 1983.

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