EM DIA COM O MACHADO 513:
A CIÊNCIA ESPÍRITA (Jó)
Bom
dia, amigos!
No
ano passado, concluí um estágio pós-doutoral cultural na Universidade Estadual
da Bahia, Campus II – Alagoinha. Título do meu projeto: Clamores de Cruz e
Sousa:
arte daqui e d’além dum (ex-)emparedado, aprovado após memoráveis e boas lives dialógicas
com o cultíssimo coordenador à época, que, desde o início do curso, admiro
e prezo como amigo. Osmar é defensor radical do materialismo, cujas ideias
defendo até a morte, como recomenda Voltaire, ainda que não concorde com
elas, pois o Espiritismo é minha
praia predileta. Por seu lado, ainda que ele também discorde de minhas
ideias, sempre as respeitou, o que muito lhe agradeço. Reforço, portanto, que o
Espiritismo não violenta as ideias de ninguém, seja as dos ateus ou as de
adeptos doutras crenças.
Por falar acima em lives dialógicas, faço aqui um parêntese: o criador do dialogismo foi o russo Mikhail Bakhtin, que é muito exaltado em determinados cursos acadêmicos. Uma colega acadêmica, entretanto, há poucos dias ficou espantada com a citação que lhe fiz sobre a obra intitulada Bakhtin desmascarado, de Jean-Paul Bronckart e Cristian Bota, São Paulo: Parábola, 2012, que comprei na extinta Livraria Cultura, em Brasília, DF. Nada contra o teórico, acusado de plágio nessa obra, mas lembro aqui uma recomendação do espírito Erasto, que está n'O livro dos médiuns, cap. 20, item 230: "Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea".
Em capítulo de minha obra final, proposta por Osmar, anoto que Allan Kardec, ressalta que o Espiritismo nunca se propôs substituir qualquer religião, pois não é religião, como é entendido o conceito usual de religiosidade. É filosofia de consequências morais, plenamente de acordo com o que pregou e exemplificou Jesus, e é ciência experimental e de observação.
Como ciência, possui métodos próprios, tais como os possuem as diversas ciências humanas. Sua teoria adota o método experimental e da observação dos fatos. É filosofia por tirar conclusões morais decorrentes dos fatos repetidamente observados. Como disse um dos muitos espíritos superiores a Allan Kardec e este anota no capítulo 19, item 12 d'O Evangelho Segundo o Espiritismo:
No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que ele tem das faculdades imensas depositadas em germe no seu íntimo, a princípio em estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação de sua vontade.
Até o presente, a fé não foi compreendida senão pelo lado religioso, porque o Cristo a preconizou como poderosa alavanca e porque o têm considerado apenas como o chefe de uma religião.
Allan Kardec, portanto,
sempre deixou muito clara a sua ideia de que o Espiritismo não é religião e,
sim, Filosofia espiritualista com base no Cristianismo. Não adota o sacerdócio
organizado, não pratica rituais, não utiliza incensos, vestes sacerdotais e não
cobra dízimos aos que assistem suas reuniões. Sua moral deriva dos ensinamentos
das entidades espirituais, atestadamente presentes em suas diversas
manifestações.
Kardec publicou, após longo estudo e experimentação, cinco obras, conhecidas como pentateuco kardequiano, além da Revista Espírita, publicada por ele de 1858 a 1869, quando desencarnou. No estudo dessas obras, verificamos que os fenômenos mediúnicos não podem ser reproduzidos em laboratório, pois não dependem da nossa vontade e sim da entidade desencarnada querer e poder manifestar-se a nós. Em vista disso, Kardec reiterou, em diversas ocasiões, que o Espiritismo não é uma ciência baseada nos fenômenos materiais reproduzidos em laboratório, como ocorre com a química e a biologia. É a ciência do espírito, que nos instrui sobre as consequências morais de nossos atos. O Espiritismo, portanto, embora possa ser visto como tal, não é religião constituída, ou seja, não se baseia em trabalho remunerado e demais características das demais religiões, como expus acima. Seus adeptos e médiuns nada cobram por seus trabalhos, obedientes à recomendação de Jesus de oferecer de graça o que de graça recebemos, que é a iluminação interior, a elevação moral, a prática da caridade, em suma, nosso objetivo é a evolução espiritual, para cujo fim apenas nos basta o necessário em recursos materiais.
Entre outros notáveis esclarecimentos, Kardec informa-nos o seguinte, sobre o caráter da revelação espírita, em A gênese, capítulo 1, item 7:
No sentido especial da fé religiosa, a revelação se diz mais particularmente das coisas espirituais que o homem não pode descobrir por meio da inteligência, nem com o auxílio dos sentidos; e esse conhecimento lhe dão Deus ou seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer pela inspiração.
E ainda na obra citada acima, item 13, diz o codificador
do Espiritismo que: "Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita
é ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração
fruto do trabalho do homem".
Daí
concluirmos que a metodologia da ciência espírita, ciência do espírito, também com
base na observação dos fenômenos naturais pouco conhecidos de grande número de
pesquisadores, é idêntica ao método experimental das ciências positivas, mas o
objeto primacial não é a matéria e, sim, o espírito. Por isso, diz Allan Kardec,
no item 14 desse capítulo: “Fatos novos se apresentam que não podem ser
explicados pelas leis conhecidas; o Espiritismo os observa, compara, analisa e,
remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhes
as consequências e busca as aplicações úteis.”
O
Espiritismo é, pois, uma "ciência de observação e não produto da
imaginação", pois contrariamente ao que imaginava a ciência materialista,
o método experimental também se aplica aos conhecimentos metafísicos, diz o
mestre lionês, como é também conhecido Kardec, que nasceu em Lyon, na França.
Por
fim, no item 16 desse capítulo, ele acrescenta: “Assim como a ciência
propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o
objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual."
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