20.1 Instruções dos
espíritos - os últimos serão os primeiros
20.1.1 Constantino - Espírito Protetor, Bordeaux, 1863
O trabalhador da última hora tem direito ao salário. Mas
é necessário que sua boa vontade atenda à disposição do Senhor que o devia
empregar, e que seu atraso não seja fruto da sua preguiça ou da sua má vontade.
Tem direito ao salário porque, desde o alvorecer, esperava impacientemente
aquele que por fim o chamaria para a obra. Ele era trabalhador, só lhe faltava trabalho.
Mas se ele houvesse recusado o trabalho a qualquer hora
de dia; se houvesse dito: Sejam pacientes; o repouso é doce para mim; quando
soar a última hora, pensarei no salário do dia. Que me importa esse patrão que
não conheço e não estimo? Quanto mais tarde, melhor. Esse tal, meus
amigos, não receberia o salário do trabalho, mas o da preguiça.
Que será daquele que, em vez de ficar simplesmente inativo, houvesse empregado as
suas horas de trabalho diário para cometer atos culpáveis? Que tivesse
blasfemado contra Deus, derramado o sangue de seus irmãos, perturbado as
famílias, arruinado homens de boa fé, abusado da inocência? Que tivesse, enfim, se lançado a todas as ignomínias da
humanidade? Que será dele? Será suficiente dizer à última hora: Senhor, usei
mal meu tempo; empregue-me até o fim do dia, para que eu faça um pouco, um
pouquinho que seja da minha tarefa, e pague-me o salário do trabalhador de boa
vontade? Não, não! O Senhor lhe dirá: Não tenho agora nenhum
trabalha para você. Esperdiçou seu tempo, esqueceu o que havias aprendido, não sabe
mais trabalhar na minha vinha. Recomece, pois, a aprender, e quando se sentir bem
disposto, venha procurar-me e lhe abrirei meu vasto campo, onde poderá
trabalhar a qualquer hora do dia.
Bons espíritas, meus bem-amados, todos vocês são trabalhadores da última hora. Bem orgulhoso seria o que dissesse: Comecei o trabalho de madrugada e só o terminarei ao anoitecer. Todos vieram quando chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação cujas correntes arrastam. Mas há quantos séculos o Senhor os chamava para sua vinha, sem que quisessem entrar nela? Eis chegado o momento de receberem o salário. Empreguem bem esta hora que lhes resta. E não se esqueçam de que sua existência, por mais longa que lhes pareça, não é mais do que um momento muito breve, na imensidade dos tempos que formam para vocês a eternidade.
Tradução livre do prof. dr. Jorge Leite de Oliveira
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