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domingo, 29 de maio de 2022

 


21.5.2 Características do verdadeiro profeta

Erasto - Paris, 1862

 

         Desconfiem dos falsos profetas! Essa recomendação é útil em todos os tempos, mas sobretudo nos momentos de transição, em que, como neste, se elabora uma transformação da humanidade. Porque nesses momentos uma multidão de ambiciosos e farsantes se arvoram em reformadores e messias. É contra esses impostores que se deve estar em guarda, e o dever de todo homem honesto é desmascará-los. Vocês perguntarão, sem dúvida, como se pode reconhecê-los. Eis aqui suas marcas:

         Confia-se o comando de um exército apenas a um general habilidoso e capaz de conduzi-lo. Acreditam que Deus seja menos prudente que os homens? Fiquem certos de que ele só confia missões importantes aos que sabe que são capazes de cumpri-las, porque as grandes missões são pesados fardos, que esmagariam o homens demasiado fraco para carregá-los. Como em todas as coisas, o mestre deve saber mais do que o discípulo. Para fazer avançar a humanidade moral e intelectualmente, são necessários homens superiores em inteligência e moralidade! Eis porque são sempre espíritos já bastante avançados, que fizeram suas provas em outras existências, os que se encarnam para essas missões; pois se não fossem superiores ao meio em que devem agir, sua ação seria nula.

         Desse modo, vocês concluirão que o verdadeiro missionário de Deus deve justificar sua missão por sua superioridade, por suas virtudes, por sua grandeza, pelos resultados e pela influência moralizadora de suas obras. Tirem ainda esta outra consequência: se ele estiver, por seu caráter, por suas virtudes, por sua inteligência, abaixo do papel que se arroga, ou do personagem cujo nome utiliza, não passa de um farsante de baixa classe, que não sabe sequer imitar seu modelo.

         Outra consideração é que, em geral, os verdadeiros missionários de Deus ignoram que o sejam. Pela força de seu gênio, realizam aquilo para que foram chamados, secundados pelo poder oculto que os inspira e os dirige, à sua revelia, e sem desígnio premeditado. Numa palavra: os verdadeiros profetas se revelam por seus atos e são adivinhados, enquanto os falsos profetas se apresentam por si mesmos como enviados de Deus. O primeiro é humilde e modesto; o segundo é orgulhoso, cheio de si; fala com altivez, e, como todos os mentirosos, parece sempre receoso de não crerem nele.

         Já se viram desses impostores apresentarem-se como apóstolos do Cristo, outros como o próprio Cristo, e, para vergonha da humanidade, encontraram pessoas bastante crédulas para crerem em suas torpezas. Uma observação bem simples, entretanto, deveria abrir os olhos do mais cego, é que se o Cristo reencarnasse na Terra, ele viria com todo seu poder e com todas as suas virtudes; a menos que se admita, o que seria absurdo, que ele houvesse degenerado. Ora, do mesmo modo que se vocês tirarem de Deus um só dos seus atributos, já não terão Deus, se tirarem uma só virtude do Cristo já não terão Cristo.

         Aqueles que se apresentam como Cristo possuem todas as suas virtudes? Eis a questão. Observem, sondem seus pensamentos e seus atos, e reconhecerão que lhes faltam sobretudo as qualidades distintivas do Cristo: a humildade e a caridade, enquanto lhes sobram as que ele não tinha: a cupidez e o orgulho. Notem, além disso, que neste momento há, em vários países, muitos pretensos cristos, como há também numerosos e pretensos elias, supostos joões ou pedros, e que necessariamente não podem ser todos verdadeiros. Estejam certos de que são exploradores da credulidade, que acham cômodo viver à custa daqueles que os escutam.

         Desconfiem, pois, dos falsos profetas, sobretudo nesse tempo de renovação, porque muitos impostores lhes dirão que são enviados de Deus. Eles procuram vaidosa satisfação sobre a Terra, mas estejam certos de que uma terrível justiça os espera!

        Tradução livre do Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira

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