EM DIA COM O MACHADO 522:HISTÓRIAS DE VIDAS! (Irmão Jó) À querida Lourdes, com carinho!
Quora: "Você já foi tratado diferente por causa do carro que dirigia?"
Sérgio: "[...] Aos 20 anos
comprei meu primeiro carro, um Chevrolet Chevette velho e usado do modelo
brasileiro [...]. [Vim] de uma família humilde que ajudei a sustentar, portanto
não havia dinheiro para um carro melhor [...].
Bem, de volta aos meus 20 anos...
Depois do trabalho, fomos a um bar para um happy hour [...]: uma mesa de
garotos bem-vestidos. Ao lado havia outra mesa com uma
festa, um grande grupo e entre eles uma das garotas mais bonitas que eu já
tinha visto. Trocamos olhares e depois de um tempo ficou claro o nosso
interesse mútuo, então pedi ao garçom que [lhe] entregasse um guardanapo onde
escrevi “encontre-me lá fora”. Funcionou!
[...] Durante nossa breve conversa,
descobri que ela estava fazendo um treinamento para ser comissária de bordo
[...]. Bem, então finalmente vem a parte engraçada (ou infeliz) da história.
Fui até a casa dela: era na verdade o que eu suspeito, um casarão, uma grande
mansão que se destacava das outras também ricas casas vizinhas...[...]
A garota abriu a porta com um
sorriso no início e, em seguida, seus olhos... [...] Tive a impressão de que a
postura de seu corpo indicava que ela queria dar meia volta até a porta... [...].
Mas depois de uma fração de segundo, ela conseguiu respirar e seu rosto pálido
quase voltou ao normal. Esta foi uma imagem que nunca esquecerei na minha vida.
Para resumir, sua frustração era
óbvia. Tentei o meu melhor para mostrar
quão charmoso e inteligente eu era, mas a conversa ficou meio truncada.
Mesmo o bom restaurante não a impressionou muito e já bem cedo ela estava
pronta para partir, e eu a levei de volta. Ela nunca retornou uma ligação
posterior, como eu já esperava [...].
Bom para mim. Mais tarde me casei
com minha atual esposa, também linda, que realmente me ama pelo que sou [...]. Espero
que ela tenha encontrado seu príncipe rico, mas ela nunca imaginou que depois
eu me tornaria um executivo internacional, "Level C" de grandes
empresas, poliglota que viajou o mundo, que agora gosta de contar suas
histórias no Quora." (Sérgio Diniz)
Vamos agora às diferenças entre este
modesto escrevinhador e linda garota que conheci em viagem ao Rio de Janeiro,
em ônibus executivo, quando servia em Salvador e me dirigia, nas férias, à
cidade natal. Ela morava em Copacabana, em apartamento de luxo; eu, na Penha,
em casinha pobre do Rio de Janeiro.
A jovem era formada, poliglota e
exímia pianista, aos 21 anos de idade; e eu com 23, nem ao menos o atual ensino
médio havia concluído.
Por outro lado, eu nem bicicleta tinha naquela época quando, a seu convite, visitei-a no apartamento onde ela morava. "Por que você não desce com o rapaz, para lhe mostrar a praia?" — Propôs-lhe seu pai, após me "entrevistar", na ampla sala de seu apartamento...
Ela, então, como filha muito educada, desceu comigo do andar onde morava e fomos dar uma brevíssima volta na praia. Ao passarmos por um rapaz acompanhado, que estava sentado tomando uma cerveja, este fez-lhe a seguinte observação: "Que rapaz bonito, seu namorado?" Ela respondeu-lhe: "Não, apenas conhecido". Ele ainda se atreveu: "Por que não namora ele? Parece ser boa pessoa". Ela respondeu-lhe secamente: "Não, obrigada". E afastou-se rapidamente, comigo a seu lado. Ao chegarmos próximos do bloco de sua residência, despediu-se de mim para sempre...
Anos depois, casei-me com linda mulher, formei-me, tivemos três belos filhos, que nos deram, até agora, cinco belos netos: quatro meninos e uma menina.
Creio que haja bons motivos para nossas diferenças. Órfão de pai quando eu estava com onze anos, tudo o que consegui na vida foi à custa de muito estudo e trabalho próprio, pois descendo de família paupérrima, que jamais pôde custear meus estudos. A jovem de Copacabana, pelo que percebi, tinha pai amoroso, que a educara nos melhores colégios. Trajava roupas de grife, alimentava-se bem, ia a restaurantes de luxo e, se preciso, não lhe faltaria atendimento médico especializado.
Não sei se está casada e torço para
que seja feliz por tudo o que conquistou com o amparo dos bens familiares, mas citando
frase da letra de música Carango, do cantor Wilson Simonal, "pra
ter fon fon, trabalhei, trabalhei". Minha riqueza é minha
família, na convivência de 43 anos com a mulher que sempre amei e que, junto
comigo, construiu o espaço modesto, mas confortável, em que moramos.
Acesse Carango
em: https://www.letras.mus.br/wilson-simonal/679871/
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