EM DIA COM O MACHADO 521:
TIRAR A PRÓPRIA VIDA AGRAVA O SOFRIMENTO (Jó)
Amigos, nunca é demais lembrar a quantidade imensa de alertas
que o mundo espiritual nos tem dado sobre as tristes e angustiantes
consequências do suicídio. Um desses inúmeros alertas é o do espírito poeta
Honório Armond, pela psicografia de Chico Xavier. O poema é um soneto. O título
é suicida. O livro é Poetas redivivos, e o capítulo é o 97.
SUICIDA (Honório Armond)
Preso e liberto, em
treva e luz, a simultâneo
Jogo de angústia e horror, junge-se à carne morta...
Varara a sepultura, agredindo-lhe a porta;
Estraçalhara a tiro
as tênebras do crânio.
Desencarnado, enfim,
mas cativo à comporta
Da consciência a
esvurmar-lhe o cérebro vulcâneo,
Foge à furna e recua
a terror instantâneo,
Chora e espanta-se
mais, grita e se desconforta...
Suicida!... Morto e
vivo, arrasta-se, tateia,
Ergue-se, treme,
cai... Respira lodo e areia,
No recinto abismal,
sofre a verdade crua...
E, lá fora, a
esperá-lo, o caminho opulento,
O céu, a terra, o lar, a fonte, a flor,
o vento...
Buscara a morte em
vão... A vida continua!...
O soneto é estruturado em versos
alexandrinos, ou seja, com doze sílabas métricas em cada linha (chamada verso na poesia).
Como ocorre em todos os poemas desse tipo, ele possui quatro estrofes: dois
quartetos e dois tercetos, somando-se ao todo 14 versos. As rimas são no
esquema ABBA, BAAB, CCD, EED, que exigem uma técnica apurada.
E pensar que o Chico, psicografando,
escrevia esta e outras obras primas instantaneamente, sob a influência deste e
de centenas doutros espíritos. A linguagem é de um padrão elevado. Mesmo as
pessoas mais cultas necessitam, por vezes, recorrer ao dicionário, para
buscar-lhe o significado conotativo ou denotativo de algumas palavras no poema.
Exemplos disso, lemos no quarto verso da
primeira estrofe: "tênebras do crânio": trevas mentais (expressão
figurada); no segundo verso da segunda estrofe: "esvurmar-lhe o cérebro
vulcâneo": ter a sensação de pus saindo do cérebro como labaredas
vulcâneas; no terceiro verso da segunda estrofe: "foge à furna": foge
de local cavernoso. E "recinto abismal", citado no último verso da
terceira estrofe, refere-se às profundezas da Terra, para onde costumam ir
seres criminosos. Ali, em tempo somente previsto por Deus, após indefiníveis
momentos de angústia e desespero, que lhes parecem eternos, atormentados por
entidades perversas, esses espíritos serão socorridos. Nesse sentido, muito os
auxiliam nossas orações, acrescidas de seu arrependimento e súplicas a Deus.
Do exposto, verificamos a cuidadosa
escolha das palavras pelo espírito comunicante, esforçando-se em nos mostrar o
sofrimento atroz sentido pela pessoa que se mata, no caso, com um tiro na
cabeça. Naturalmente que, em cada suicídio, o tipo de sofrimento varia de
acordo com a noção que se tem sobre a vida física e conforme a forma buscada de
destruição do corpo. Mas como esse ato lesa também o perispírito, nosso corpo
espiritual, a lesão voluntária no corpo físico, programado para uma existência
mais duradoura, afeta também o corpo espiritual.
A misericórdia divina considera as
circunstâncias agravantes e atenuantes em cada caso. Suicídios advindos de
insanidade mental, motivados por desespero ante situação de intenso sofrimento
físico, moral ou psicológico ou em risco iminente de morte, são logo socorridos
pelos bons espíritos, encarregados por Deus de nos protegerem.
Suicídios planejados meramente por
fraqueza ou revolta ante as provas e expiações da existência física são
injustificáveis e, portanto, levarão seu autor a sofrer com severidade as
consequências de seu ato rebelde à justiça divina.
Há também casos em que o suicida é
induzido ao ato por entidades vingativas, chamadas obsessores, mas ainda aqui é
preciso que o obsidiado busque socorro na prece e nos serviços de amparo
espiritual dum centro espírita, aliado ao tratamento psiquiátrico. Tais pessoas
precisam sobrepor sua vontade à vontade do obsessor. Nunca é demais nos lembrar
destas palavras de Jesus: "Vigiai e orai, para não cairdes em tentação
[...]" (Mateus, 26:41). Renovação mental e atos de caridade e
humildade em todos os dias de nossa vida são remédios insuperáveis...
O suicida jamais foge, em todos os casos, é da decepção de se ver vivo e perceber que sua atitude intempestiva agravou muito mais seus sofrimentos, pois agora não mais possui a liberdade que tinha quando estava no corpo físico. É isso que os espíritos procuram mostrar-nos e alertar para que não cometamos o disparate do suicídio.
Paz e luz!
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