EM DIA COM O
MACHADO 591:
ORIGEM DOS
SOFRIMENTOS E SEU ANTÍDOTO (Jó)
Alma
amiga, muitas pessoas se perguntam: Por que sofremos na vida física, desde que
nascemos e também quando morremos?
Em
resposta a isso, Allan Kardec, o bom senso encarnado segundo Camille Flammarion,
registra que os sofrimentos têm duas origens: a existência passada e a atual. A
questão número 952 d’O Livro dos Espíritos informa-nos que a causa atual
de nossos sofrimentos é o abuso das paixões, o que significa nosso “suicídio
moral” provindo de “falta de coragem, bestialidade e, além disso, esquecimento
de Deus”.
A
vida afastada da espiritualidade causa-nos grande alienação em relação
ao uso do nosso livre-arbítrio. Alguns querem o poder a todo o custo. Não têm
escrúpulo em lesar qualquer pessoa que for empecilho ao seu projeto de domínio.
Outros também querem a riqueza. Então fazem todo o tipo de negócios escusos, em
prejuízo do próximo. Outros mais querem utilizar egoisticamente as heranças
recebidas ou ficam de olho no que seus testadores lhes doarão, muito antes da
desencarnação destes. Agem como verdadeiros sanguessugas do que foi fruto do
trabalho alheio, como se fossem seres privilegiados, dispensados do trabalho
duro para merecerem uma vida material melhor.
Egoísmo,
ambição, orgulho são as bases do sofrimento passado e atual de grande número de
pessoas. Aliam-se a esses defeitos morais os excessos das paixões provenientes
do nível espiritual inferior. Acreditando que a vida termina no túmulo, quantas
pessoas praticam todos os abusos, sem medir suas consequências?
A
lei humana e a lei de Deus agem de modo diverso em relação à nossa liberdade de
pensar e agir. A primeira pune apenas o que está previsto em lei. “Não há crime
sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, estatui o
Código Penal. Aprendemos isso nos cursos de Direito. Entretanto, perguntamos se
determinados atos pensados mas não praticados por algum motivo não seriam
criminosos. Se outros, praticados sem serem vistos, não serão punidos.
É
Jesus que responde, segundo anota Mateus, 5:27 e 28 “Ouviste o que foi
dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, digo-te: Qualquer que
atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com
ela”. Também a mulher que agir desse modo está incursa na mesma falta. Ou seja,
não é preciso que realizemos nossos desejos malfazejos para que demonstremos
nossa imperfeição. O que falta é a oportunidade. Quando ela surge, nos
mostramos quais somos. Foi por isso que, certa vez, Chico Xavier disse: “Emmanuel costuma
dizer que o criminoso é sempre um de nós que foi descoberto”. Ou
seja, por pensamento ou por ato, cometemos faltas que a sociedade não censura nem
pune por não ter presenciado.
Os
crimes não puníveis pelas leis humanas, entretanto, não ficam sem sua correção
ante as leis de Deus. Não que ele queira nos punir, mas porque instalou na
consciência sua lei, como lemos na questão 621 d’O Livro dos Espíritos.
Aqueles que julgam bobagem tudo isso, afirmando que todos os nossos pensamentos
nada mais são que secreções cerebrais, breve perceberão seu equívoco. Daí
resultarem as provas e expiações personalistas, pois a cada um segundo suas
obras, já dizia Jesus.
Mas
Deus sempre proporciona a seus filhos réprobos novas oportunidades de
arrependimento. É o que propunha Jesus no início de suas pregações: “O tempo
está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no
Evangelho”, como lemos em Marcos, 1:15. Sim, o tempo de pouco mais de
dois mil anos vem sendo preparado. Breve momento, ante a eternidade.
Muitos
deram a vida no seu testemunho de fé, sempre fiéis a Jesus, outros desertaram,
iludidos pelos convites do mundo. Os primeiros colhem, na vida verdadeira, a do
Espírito, a recompensa por seus atos de renúncia, de amor e de fidelidade ao
Cristo. Os demais continuam em aprendizado, sofrendo e chorando, até perceberem
que da lei de Deus nada passará sem que seja cumprido o contido no seu
Evangelho. E os espíritos vêm clamando,
há 166 anos, como já dissera o Espírito de Verdade n’O capítulo 6 d’O
Evangelho Segundo o Espiritismo: “Irmãos, nada perece. Jesus Cristo foi o
vencedor da morte. Sede os vencedores da impiedade”.
Cientes
disso, tenhamos compaixão para com todos os sofredores, esquecendo as próprias
dores, uma vez que é pelo devotamento e abnegação ao próximo que seremos fortes
contra os desfalecimentos. Haja vista que “O sentimento do dever cumprido” nos
dará repouso ao espírito e resignação ante as expiações e provas atuais, como
também nos orienta o Espírito de Verdade na obra e capítulo citados acima.
Ninguém
mais, portanto, além de nós mesmos, é responsável por nossos sofrimentos e por
nossa felicidade hoje ou amanhã. É então que a caridade e a humildade agem em nosso
benefício como antídotos contra os sofrimentos e prenúncio de cura para todos
os males praticados quando nosso desconhecimento ou ignorância voluntária nos
levaram a violar a lei divina ínsita em nossa consciência.
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