O EVANGELHO POR EMMANUEL
Comentários ao Evangelho Segundo Marcos
Doença e remédio
Jesus, ouvindo [isso], diz: Os sãos não têm necessidade de médico, mas os que estão doentes. Não vim chamar justos, mas pecadores (Marcos, 2:17).
No trato com as chagas da ignorância, na esfera da Humanidade, quais sejam a incompreensão e a vingança, a crueldade e a rebeldia, anotemos a conduta da Misericórdia Divina, no quadro das doenças terrestres.
Porque
alguém acusa os reflexos tóxicos dessa ou daquela enfermidade, não sofre
condenação a permanente desajuste. Recebe a atenção da Ciência, que lhe examina
as possibilidades de cura ou melhoria.
Porque
o médico deve observar detritos corruptores, não lhe impele a saúde à
perturbação e ao relaxamento. Dá-lhes luvas protetoras.
Porque
processos infecciosos alteram a constituição celular nessa ou naquela parte da
província corpórea, não sentencia a zona atacada a simples extirpação.
Oferta-lhe recurso adequado para que elimine a infestação virulenta.
E
grandes lesões comparecem na estrutura do carro físico, ameaçando-lhe a
segurança, traça o plano necessário à intervenção cirúrgica, mas não deixa o
doente a insular-se no desespero, estendendo-lhe à dor o amparo da anestesia.
Se
moléstias epidêmicas surgem, insidiosas, distribui a vacinação que susta o
contágio.
Vemos,
assim, que a Lei De Deus não se conforma com o mal; ao contrário, opõe-lhe a
cada instante o socorro do bem.
Dessa
forma, se os agentes da lama se te infiltram no passo, exibindo-te aos olhos
perigosas ações de discórdia e infortúnio naqueles que mais amas, não podes
realmente acomodar-te aos golpes com que te impulsionam à imersão na maldade,
mas podes esparzir a água viva do amor, auxiliando em silêncio as vítimas do
desequilíbrio que tombam sem saber que se arrastam no lodo.
Usa, pois, cada hora, a compaixão sem termos e o perdão sem limites, porque o próprio Jesus, perante os nossos males, exclamou, complacente: “Em verdade, eu vim para curar os sãos”.
(Reformador.
FEB, maio 1960, p. 114. Canais da vida. Ed. Cultura Espírita União. Cap.
18 com pequenas alterações.)
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