EM DIA COM O MACHADO
593:
O CASAMENTO E O PRIMO
JAIR (Jó)
Há três décadas, conheci de Brasília,
por correspondência, o primo Jair, residente em Contagem, MG. No dia 30 de
outubro, ele que é o mais velho de cinco irmãos, completa seus 94 anos de
idade. Na época, 1993, Jair presenteou-me com seu primeiro livro: Retalhos
da vida (1992), em que narra diversos casos relacionados à mediunidade de
sua esposa, Cidenir. Anos após, fui presenteado com mais quatro livros de sua
lavra: Revivendo o cotidiano (1996); Labaredas mentais (2000, 2ª
ed.); Crer ou não crer? (2003) e Trajetória de luz (2018).
Todas essas obras são baseadas em
experiências vividas por meu primo em 74 anos de militância espírita. Inicialmente
só, depois ao lado da esposa Cidenir, falecida há algumas décadas, Jair exerceu
diversas funções e palestras nos centros espíritas que frequentou. Alguns deles
foram fundados por ele, como o Centro Espírita Paz e Amor, em Belo Horizonte, no
ano de 1980; a Fraternidade Espírita Luz Acima e o Centro Espírita Luz Divina, em
Contagem, MG.
Jair e Cidenir não tiveram filhos
naturais, mas adotaram dois filhos, Fabiano e Vinícius, e uma filha, Anália,
além da prole desta, quando ela se separou do marido: o jovem Bruno e suas
irmãs Luciene e Ludmila, totalizando seis almas queridas pelo casal.
Há alguns meses, foi com grande
entusiasmo que recebemos convite da neta Luciene para seu casamento com Davi.
Então, convidei minha grande companheira, a querida esposa Lourdes, para não só
prestigiar o evento, como também conhecer pessoalmente toda a família e o primo
mineiro espírita, de quem só tínhamos, além das obras, cartas, contatos
telefônicos e por internet.
Ao Bruno, nosso muito obrigado!
O que mais nos impressionou, nesse
contato, foi observar a lucidez e memória excelente do meu primo, além do
aprumo no seu caminhar, bondade e humildade. Já em sua residência, levou-nos a
uma sala destinada exclusivamente a sua biblioteca espírita, onde passa muitas
horas do dia lendo, escrevendo e meditando.
Que Jesus ilumine essa alma bondosa e
lhe recompense a nobreza de caráter, aliada a uma vida de divulgação do
Espiritismo falado, mas sobretudo praticado. Conhecer gente como essa é um
privilégio e um incentivo que nos fazem recordar as palavras de Paulo aos Gálatas,
6:9 e 10: “E não nos cansemos de fazer o bem, pois a seu tempo colheremos, se
não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos,
especialmente aos da família da fé”.
Paulo não cita nominalmente uma
determinada religião e, sim, a família da fé. Como, segundo Allan Kardec, os
espíritas cristãos somos os espíritas reais, senti-me no dever, tanto quanto a
esposa, de conhecer o parente distante, em avançada idade, cujo trabalho de Espírita
cristão remonta a mais tempo do que tenho de idade, além de sua família.
Ao Jair, manifestamos, mais uma vez,
nossos votos de sucessos, em seus derradeiros dias de abençoada vida, na
esperança de que nos possamos reencontrar, se não nessa, na próxima existência.
Então, esperamos estar juntos com o mesmo entusiasmo na semeadura da palavra de
Jesus, nosso guia e modelo, à luz do Espiritismo cristão.
Concluo estas modestas palavras com o
soneto abaixo, que dedico ao Jair, do incomparável poeta Cruz e Sousa,
inaugurador da Escola Simbolista no Brasil:
“Longe
de tudo
É
livres, livres desta vã matéria,
Longe,
nos claros astros peregrinos
Que
havemos de encontrar os dons divinos
E
a grande paz, a grande paz sidérea.
Cá,
nesta humana e trágica miséria,
Nestes
surdos abismos assassinos
Teremos
de colher de atros destinos
A
flor apodrecida e deletéria.
O
baixo mundo que troveja e brama
Só
nos mostra a caveira e só a lama,
Ah!
só a lama e movimentos lassos...
Mas
as almas irmãs, almas perfeitas,
Hão
de trocar, nas Regiões eleitas,
Largos,
profundos, imortais abraços!”
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