Cantinho da cultura filosófico-espiritualista
26 FÉ E CULTURA
Emmanuel
Acolhei ao que é débil na
fé, não, porém, para discutir opiniões. Paulo (Romanos, 14:1).
Indubitavelmente,
nem sempre a fé acompanha a expansão da cultura, tanto quanto nem sempre a
cultura consegue altear-se ao nível da fé.
Um
cérebro vigoroso pode elevar-se a prodígios de cálculo ou destacar-se nos mais
entranhados campos da emoção, portas a dentro dos valores artísticos, sem
entender bagatela de resistência moral diante da tentação ou do sofrimento. De
análogo modo, um coração fervoroso é suscetível das mais nobres demonstrações
de heroísmo perante a dor ou da mais alta reação contra o mal, patenteando
manifesta incapacidade para aceitar os imperativos da perquirição ou os
requisitos do progresso.
A
ciência investiga.
A
religião crê.
Se
não é justo que a ciência imponha diretrizes à religião, incompatíveis com as suas necessidades do
sentimento, não é razoável que a religião obrigue a ciência à adoção de normas, inconciliáveis com as suas
exigências do raciocínio.
Equilíbrio
ser-nos-á o clima de entendimento, em todos os assuntos que se relacionem à fé
e à cultura, ou estaremos sempre ameaçados pelo deserto da descrença ou pelo
charco do fanatismo.
Auxiliemo-nos
mutuamente.
Na
sementeira da fé, aprendamos a ouvir com serenidade para falar com acerto.
Diz
o Apóstolo Paulo: "Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir
opiniões". É que para chegar à cultura, filha do trabalho e da verdade, o
homem é naturalmente compelido a indagar, examinar, experimentar e teorizar,
mas, para atingir a fé viva, filha da compreensão e do amor, é forçoso servir.
E servir é fazer luz.
REFERÊNCIA
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