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quarta-feira, 9 de junho de 2021

 Cantinho da cultura filosófico espiritualista


II Autoridade da Doutrina Espírita: controle universal do ensino dos Espíritos

 

Se a Doutrina Espírita fosse uma concepção puramente humana, só teria como garantia as luzes daquele que a tivesse concebido. Ora, ninguém neste mundo poderia ter a pretensão de possuir, sozinho, a verdade absoluta. Se os Espíritos que a revelaram se houvessem manifestado a apenas um homem, nada lhe garantiria a origem, pois seria necessário crer naquele que dissesse haver deles recebido os ensinos. Admitindo-se sinceridade absoluta de sua parte, poderia no máximo convencer as pessoas de suas relações; conseguiria sectários, mas jamais conseguiria reunir todo o mundo.

Deus quis que a nova revelação chegasse aos homens por uma via mais rápida e mais autêntica. Por isso encarregou os Espíritos de a levarem de um polo ao outro, manifestando-se por toda parte, sem dar a ninguém o privilégio exclusivo de lhes ouvir a palavra. Um homem pode ser enganado, pode enganar-se a si mesmo, mas não aconteceria assim, quando milhões veem e ouvem a mesma coisa: isso é uma garantia para cada um e para todos. Além disso, pode fazer-se desaparecer um homem, mas não se faz desaparecerem as massas; podem-se queimar livros, mas não se podem queimar Espíritos. Ora, queimem-se todos os livros, e a fonte da Doutrina não será menos inesgotável, porque não se encontra na Terra, surge de toda parte, e cada um pode saciar sua sede nela. Se faltarem homens para a divulgar, sempre haverá Espíritos cuja atuação atinge todos e aos quais ninguém pode atingir.

São, portanto, os próprios Espíritos que fazem a propaganda da Doutrina, com a ajuda de inumeráveis médiuns, que eles suscitam de todos os lados. Se houvesse intérprete único, por mais favorecido que fosse, o Espiritismo mal seria conhecido. Esse intérprete, por sua vez, qualquer que fosse a sua classe, provocaria a prevenção de muita gente; nem todas as nações o teriam aceitado. Os Espíritos, entretanto, comunicando-se por toda parte, a todos os povos, a todas as seitas e a todos os partidos, são aceitos por todos.

O Espiritismo não tem nacionalidade, independe de cultos particulares, não é imposto por nenhuma classe social, visto que cada um pode receber instruções de seus parentes e amigos de além-túmulo. Era necessário que assim fosse, para que ele pudesse conclamar todos os homens à fraternidade. Caso não se colocasse em terreno neutro, teria mantido as dissensões, em lugar de apaziguá-las.

REFERÊNCIA

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira da 3. ed. francesa rev. corrig. e modificada. L'Evangile selon le Spiritisme. Paris: Libraires, au Palais - Royal, 1866. p. 4- 5.

Jorge Leite de Oliveira - Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0494890808150275

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