Cantinho da cultura
filosófico espiritualista
O que percebeu Kardec nas manifestações dos Espíritos
Autor: D. Dinis
Allan
Kardec afirma que o Espiritismo é ciência experimental e de observação. Não é
ciência positivista, pelo simples fato de que não se baseia em fenômenos de
laboratório ou sujeitos a cálculos matemáticos. Sua realidade patenteia-se a
cada um de nós com base na manifestação dos Espíritos, que têm livre-arbítrio,
como qualquer pessoa encarnada.
Daí se deduz que, assim como posso prometer visitar alguém e
não aparecer no local da visita prometida, os Espíritos não se sujeitam às
reproduções de suas manifestações, como ocorre com os elementos químicos e
biológicos. A não ser que assim o queiram e, sobretudo, possam fazê-lo, o que
depende das condições apropriadas para sua manifestação mediúnica.
A diferença básica entre o Espírito (ser desencarnado e tido
por morto) e a personalidade física (ser encarnado e tido por vivo) é que o
primeiro possui um corpo espiritual (perispírito) e o segundo possui, além
desse corpo espiritual, o corpo físico. As aquisições intelectuais e morais que
o Espírito possui têm por base, principalmente, seus conhecimentos obtidos
enquanto esteve encarnado.
Conclui-se disso que o Espírito em grau menor de evolução não
nos sabe transmitir nada que lhe tenha exigido conhecimentos mais elevados, por
não lhe serem esses do seu interesse quando esteve encarnado e mesmo no plano
espiritual. Outros há que não vão além do que seja do conhecimento acumulado
pela ciência e filosofia terrenas e que era e continua sendo objeto de seus
estudos e ocupações. Quanto aos mais adiantados, só nos podem transmitir aquilo
que estamos em condição intelectual e moral de saber. Por isso é que Kardec faz
a seguinte afirmação:
Um dos primeiros resultados que
colhi das minhas observações, foi que os Espíritos, nada mais sendo do que as
almas dos homens, não possuíam nem a plena sabedoria, nem a ciência integral.
Que o saber de que dispunham se circunscrevia ao grau que haviam alcançado, de
adiantamento, e que a opinião deles só tinha o valor de uma opinião pessoal.
Reconhecida desde o princípio, esta verdade me preservou do grave escolho de
crer na infalibilidade dos Espíritos e me impediu de formular teorias
prematuras, tendo por base o que fora dito por um ou alguns deles.[1]
Por
esse motivo é que o Espírito Verdade, repetindo as palavras que o Cristo lhe transmitiu,
aconselha-nos a, em primeiro lugar, nos amar; em seguida, nos instruir. Essas
são as duas asas da evolução, que também atribuem a cada um aquilo que fez por
merecer.
[1]Allan Kardec, in Obras
póstumas. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2016.
Segunda parte, p. 240- 241. A minha iniciação no Espiritismo.
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