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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

DÚVIDAS DO PORTUGUÊS: Gramática x Redação (2) (jlo)

Continuando...
Lucília Garcez, segundo Lilian, demonstra, em sua obra, que também possuo, Técnica de redação, como fica melhor a redação do aluno do ensino médio cujo(a) professor(a) trabalha interativamente os vários níveis da produção textual. Aqui, introduzo nosso primeiro comercial: Em junho, a Ed. Vozes lançará uma obra organizada por nós, e em coautoria com Geraldo Campetti Sobrinho e Manoel Craveiro, intitulada Guia prático de leitura e escrita, com o objetivo de explorar literária e ludicamente as diversas possibilidades de produção escrita voltada para a identificação e a elaboração de tipos e gêneros textuais.
Então, surge a pergunta: a gramática ficará out? De jeito nenhum, pois ela “contribui com a formação intelectual de qualquer pessoa”. Mas o aprofundamento de seu conhecimento deve ter objetivos bem delineados: a) preparação de professores (não só de português, mas de todas as áreas do conhecimento, seja nas Ciências humanas, seja nas exatas); b) o nível do ensino (não ensinar no fundamental o que só tem cabimento no médio, e assim por diante); c) os cursos de Letras e de Tradução; e d) os cursos preparatórios para concursos. Aqui entra a observação de Lilian: “Se bem que as provas de português mais avançadas estão centradas na compreensão e interpretação de textos de tipologia diversa, e menos em questões gramaticais.”.
Em seguida, informa-nos Zamboni que Perini escreveu o artigo Sofrendo a gramática, no qual afirma que a gramática normativa é “a matéria que ninguém aprende”, pois conta com “três defeitos: objetivos mal colocados, metodologia inadequada e falta de organização lógica”. Pensando também assim, sempre priorizamos, em nossas aulas, o ensino voltado para a leitura, a compreensão, a pesquisa e a produção textual.
Precisamos deixar claro, entretanto, que mesmo os críticos do gramaticalismo escolar concordamos com a ideia de ser a gramática fundamental na formação da cultura dos estudantes e fator de “identidade nacional”. A não ser assim, cada um sentir-se-ia no direito de criar suas próprias regras e ditar seus próprios interesses linguísticos, como o daquele nosso ex-aluno do curso de História que, em plena aula de Português, com a abordagem em textos sobre as regras de acentuação, disse-nos em alto e bom tom: “Professor, eu não acentuo minhas palavras, porque sou contra as regras de acentuação gráfica”.
Num caso assim, ler, ler, ler para escrever, escrever, escrever só surtiria efeito se o leitor percebesse que, mesmo sem a obrigação de concordar com o conteúdo dos autores dos textos lidos, a anuência com os aspectos formais da língua necessita ser absoluta, exceto quando se quer enfatizar a linguagem popular, porém sob o olhar atento da norma padrão (Desculpem-me os linguistas, mas a nosso ver não há padrão na norma popular.).
A não ser, por exemplo, que se seja um gênio da filologia e se pretenda propor à Academia Brasileira de Letras a extinção total dos acentos gráficos das palavras, a manifestação daquele aluno é totalmente intempestiva. Se se concordasse com seu procedimento e opinião, nossa pronúncia e escrita teriam de ficar iguaizinhas às do padrão do idioma inglês. Caso fossem aceitos tais argumentos, nossa cultura teria ido para o espaço e já não haveria mais a língua portuguesa.
E concluindo...
Incluí a pesquisa como produtora de bons escritores, em virtude da grande deficiência do aluno, em especial dos cursos de graduação e pós-graduação, quando lhe é exigido produzir um simples resumo técnico ou artigo, uma resenha, monografia, dissertação ou tese. Nesse caso, é importante consultar obras atualizadas voltadas para a pesquisa, como a nossa, intitulada Texto acadêmico, cuja oitava edição, atualizadíssima, está sendo editada, agora em março, pela Editora Vozes (último comercial).

REFERÊNCIAS

GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
OLIVEIRA, Jorge Leite de. Org. Guia prático de leitura e escrita. Petrópolis: Vozes. No prelo, ed. e lançamento em jun. 2012.
______. Texto acadêmico: técnicas de redação e de pesquisa científica. 8. ed. atualizada. Petrópolis: Vozes, 2012.
PERINI, Mário A. Para uma nova gramática do português 4. ed. São Paulo: Ática, 1989. Série Princípios.
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras : Associação de Leitura do Brasil, 1996 (Coleção Leituras no Brasil).
ZAMBONI, Lilian Márcia Simões. Por que (não) ensinar gramática na escola. Correio Braziliense, Cad. Opinião, p. 11, Brasília, 27 fev. 2012.

Um comentário:

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