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sábado, 25 de abril de 2020





9.2.5 Hahnemann

Paris, 1863

Segundo a ideia muito falsa de que não se pode reformar a própria natureza, o homem se julga dispensado de fazer esforços para se corrigir dos defeitos em que se compraz voluntariamente, ou que para isso exigiriam muita perseverança. É assim, por exemplo, que o homem inclinado à cólera se desculpa quase sempre com seu temperamento. Em vez de se confessar culpado, ele culpa seu organismo, acusando, assim, a Deus pelos seus próprios defeitos. É ainda uma consequência do orgulho, que se encontra misturado a todas as suas imperfeições.
Sem dúvida, existem temperamentos que se prestam mais que outros a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que melhor se prestam a exercícios físicos. Não creiam, porém, que seja essa a principal causa da cólera, e creiam que um Espírito pacífico, mesmo num corpo bilioso, será sempre pacífico, enquanto um Espírito violento, num corpo franzino, não seria dócil. Somente a violência tomará outro caráter. Não dispondo de organismo apropriado a lhe favorecer a violência, a cólera será concentrada, enquanto no caso contrário seria expansiva.
O corpo não dá mais cólera a quem não a tem, como não dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. Sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade? O homem que é deformado não pode tornar-se direito, porque o Espírito não tem ação sobre isso, mas pode modificar o que se relaciona com o Espírito, quando dispõe de uma vontade firme.
A experiência não lhes prova, espíritas, até onde pode ir o poder da vontade, pelas transformações verdadeiramente miraculosas que se operam aos seus olhos? Diga-se, pois, que o homem só permanece vicioso porque quer permanecer vicioso, mas que aquele que deseja corrigir-se sempre o pode. De outro modo, a lei do progresso não existiria para o homem.

Tradução livre, em terceira pessoa, pelo Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira.

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