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sábado, 4 de abril de 2020

Continuação da tradução d'O Evangelho Segundo o Espiritismo


9.2 Instruções dos Espíritos

9.2.1 A afabilidade e a doçura

Lázaro
Paris, 1861

A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação. Entretanto, nem sempre se deve confiar nas aparências. A educação e as relações mundanas podem dar a impressão dessas qualidades. Mas quantos existem, cuja fingida bonomia nada mais é do que uma máscara para uso externo, uma roupagem cujo feitio calculado disfarça as deformidades ocultas! O mundo está cheio dessas pessoas que têm o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são doces, contanto que ninguém as moleste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua dourada, quando falam pela frente, se transforma em dardo venenoso, quando estão por detrás.
A essa classe pertencem ainda essas pessoas que são benignas fora do lar, mas tiranas domésticas, que fazem a família e os subordinados suportarem o peso do seu orgulho e do seu despotismo, como se desejassem compensar o constrangimento a que se submetem lá fora. Não se atrevendo a impor sua autoridade aos estranhos, que as colocariam no seu lugar, querem pelo menos ser temidas pelos que não lhes podem resistir. Sua vaidade se satisfaz com o poderem dizer: "Aqui mando e sou obedecido", sem pensar que poderiam acrescentar, com mais razão: "E sou detestado".
Não basta que os lábios destilem leite e mel,  se o coração nada tem com isso, trata-se de hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas, jamais se desmente. É o mesmo diante do mundo e na intimidade. Sabe que se pode enganar os homens pelas aparências, mas a Deus ninguém engana.

9.2.2 A paciência

Um Espírito Amigo
Le Havre, 1862

A dor é uma bênção que Deus envia aos seus eleitos. Não se aflijam, pois, quando sofrerem; ao contrário, bendigam a Deus Todo-poderoso, que os marcou com a dor neste mundo para a glória no Céu.
Sejam pacientes, pois a paciência é também caridade, e vocês devem praticar a lei de caridade, ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há uma bem mais penosa, e consequentemente bem mais meritória, que é a de perdoar os que Deus colocou em nosso caminho para serem os instrumentos de nossos sofrimentos e submeterem nossa paciência à prova.
A vida é difícil, sei bem disso. Compõe-se de mil nadas, que são outras picadas de alfinetes e acabam por nos ferir. Mas se atentarmos para os deveres que nos são impostos, para as consolações e compensações que, por outro lado, recebemos, então veremos que as bênçãos são mais  numerosas que as dores. O fardo parece mais leve quando olhamos para o alto, do que quando curvamos a fronte para a terra.
Coragem, amigos: Cristo é seu modelo. Sofreu mais que qualquer um de vocês, embora nada tivesse de que se censurar, enquanto vocês já têm de expiar seu passado e de se fortalecerem para o futuro. Sejam, pois, pacientes, sejam cristãos, esta palavra resume tudo.

Tradução livre, em terceira pessoa, pelo Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira.

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