9.2 Instruções dos Espíritos
9.2.1 A
afabilidade e a doçura
Lázaro
Paris, 1861
A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao
próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação. Entretanto,
nem sempre se deve confiar nas aparências. A educação e as relações mundanas
podem dar a impressão dessas qualidades. Mas quantos existem, cuja fingida bonomia
nada mais é do que uma máscara para uso externo, uma roupagem cujo feitio calculado
disfarça as deformidades ocultas! O mundo está cheio dessas pessoas que têm o sorriso
nos lábios e o veneno no coração; que são doces, contanto que ninguém as
moleste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua dourada, quando falam
pela frente, se transforma em dardo
venenoso, quando estão por detrás.
A essa classe pertencem ainda essas pessoas que são benignas fora
do lar, mas tiranas domésticas, que fazem a família e os subordinados suportarem
o peso do seu orgulho e do seu despotismo, como se desejassem compensar o constrangimento
a que se submetem lá fora. Não se atrevendo a impor sua autoridade aos
estranhos, que as colocariam no seu lugar, querem pelo menos ser temidas pelos
que não lhes podem resistir. Sua vaidade se satisfaz com o poderem dizer: "Aqui mando e
sou obedecido", sem pensar que poderiam acrescentar, com mais razão:
"E sou detestado".
Não basta que os lábios destilem leite e mel, se o coração nada tem com isso, trata-se de hipocrisia.
Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas, jamais se desmente. É o mesmo
diante do mundo e na intimidade. Sabe que se pode enganar os homens pelas aparências, mas a Deus
ninguém engana.
9.2.2 A
paciência
Um
Espírito Amigo
Le Havre,
1862
A dor é uma bênção que Deus envia aos seus eleitos. Não se
aflijam, pois, quando sofrerem; ao contrário, bendigam a Deus Todo-poderoso,
que os marcou com a dor neste mundo para a glória no Céu.
Sejam pacientes, pois a paciência é também caridade, e vocês devem
praticar a lei de caridade, ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade
que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há uma bem
mais penosa, e consequentemente bem mais meritória, que é a de perdoar os
que Deus colocou em nosso caminho para serem os instrumentos de nossos
sofrimentos e submeterem nossa paciência à prova.
A vida é difícil, sei bem disso. Compõe-se de mil nadas, que são
outras picadas de alfinetes e acabam por nos ferir. Mas se atentarmos para os
deveres que nos são impostos, para as consolações e compensações que, por outro
lado, recebemos, então veremos que as bênçãos são mais numerosas que as dores. O fardo parece mais
leve quando olhamos para o alto, do que quando curvamos a fronte para a terra.
Coragem, amigos: Cristo é seu modelo. Sofreu mais que qualquer
um de vocês, embora nada tivesse de que se censurar, enquanto vocês já têm de expiar
seu passado e de se fortalecerem para o futuro. Sejam, pois, pacientes, sejam
cristãos, esta palavra resume tudo.
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