EM DIA COM O MACHADO 413:
coragem, a vida prossegue... (Jó)
Há um verso numa das músicas do padre Zezinho, no meu entendimento
o melhor cantor de música gospel do Brasil, que expressa o seguinte
paradoxo: "Não crê no que acredita". Muitos de nós somos assim.
Pregamos ao próximo a palavra do
Evangelho e dos Espíritos iluminados, mas agimos como se ela não se aplicasse a
nós.
Conheci uma pessoa que desencarnou em avançada idade, espírita de
carteirinha, com profundos conhecimentos espirituais, que percorreu o mundo
divulgando o Espiritismo. Essa senhora, no entanto, costumava dizer que tinha
muito medo da morte.
Também mamãe, que morreu com 89 anos de idade, morria de
medo de morrer. Tanto esta quanto aquela desencarnaram na maior paz,
cercadas dos cuidados médicos e de enfermagem, além do carinho da família e dos
que lhes queriam bem.
Há também quem diga que não teme a morte, receia é o sofrimento que
a antecede. Reflitamos, porém, que a vida é aprendizado. Somos imortais. O
sofrimento é necessário para a depuração de nossas almas; portanto, não devemos
temer a morte, nem a dor. Afianço ao leitor que, particularmente, não temo nem
uma coisa, nem outra... Tudo passa, mas a vida continua, e só o Amor é eterno.
Somos filhos do Amor, criados para amar e nos tornarmos puros, como nosso Pai
sempre foi.
Na obra espírita romanceada, intitulada A Caminho do Abismo,
que relata o pavoroso morticínio de protestantes em Paris, na Noite de São
Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, Antônio Lima, no cap. 4, cita as
seguintes palavras de Giordano Bruno:
Não devemos temer a morte, nem desejá-la, nem precipitá-la
covardemente, mas, aguardá-la com paciência até quando Deus bem entender de nos
chamar a contas na hora exata da viagem para as plagas do invisível mundo das
almas. Convém levar bem cheio o alforje, com provisão salutar e suficiente para
não tornar a morrer de fome lá em cima. É de bom aviso conduzir em ânforas de
luz a água da vida para não sucumbir de sede no mundo da realidade.
Naturalmente, a fome e a sede a que
ele se refere não são necessidades materiais e, sim, do Espírito. Vivamos, cada dia, com
renovadas esperanças, pois todo mal sempre traz um bem. Entretanto, sem que
isso caracterize qualquer ideologia política, observo, nos acontecimentos
trágicos, como o que estamos vivendo nos últimos dias, uma forma de educar os
seres humanos na correção das absurdas desigualdades sociais, motivadas pela
ganância do poder e do ter.
Quem sabe, agora, enxerguemos a
injustiça praticada contra quem desempenha serviços essenciais ao nosso
bem-estar, mas é tão mal remunerado, ao passo que políticos, atletas e artistas
famosos nadam num mar de dinheiro? Se nos esforçarmos em crer, realmente,
naquilo que aprendemos e transmitimos a outrem, com certeza, dormiremos tranquilos.
Desse modo, ainda que um raio nos parta o crânio, ainda que nossa
casa desabe sobre nós, e, mesmo tendo de sofrer por alguns dias, nossa fé em
Deus não será abalada. Então, nada temeremos, pois, como filhos de Pai
amantíssimo, repetiremos agradecidos a frase do profeta Davi em seu Salmo
23: "O Senhor é meu pastor, nada me faltará".
Belo texto!!!
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