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terça-feira, 7 de abril de 2020



EM DIA COM O MACHADO 413:
coragem, a vida prossegue... (Jó)

  Há um verso numa das músicas do padre Zezinho, no meu entendimento o melhor cantor de música gospel do Brasil, que expressa o seguinte paradoxo: "Não crê no que acredita". Muitos de nós somos assim. Pregamos ao próximo a palavra do Evangelho e dos Espíritos iluminados, mas agimos como se ela não se aplicasse a nós.
Conheci uma pessoa que desencarnou em avançada idade, espírita de carteirinha, com profundos conhecimentos espirituais, que percorreu o mundo divulgando o Espiritismo. Essa senhora, no entanto, costumava dizer que tinha muito medo da morte.
Também mamãe, que morreu com 89 anos de idade, morria de medo de morrer. Tanto esta quanto aquela desencarnaram na maior paz, cercadas dos cuidados médicos e de enfermagem, além do carinho da família e dos que lhes queriam bem.
Há também quem diga que não teme a morte, receia é o sofrimento que a antecede. Reflitamos, porém, que a vida é aprendizado. Somos imortais. O sofrimento é necessário para a depuração de nossas almas; portanto, não devemos temer a morte, nem a dor. Afianço ao leitor que, particularmente, não temo nem uma coisa, nem outra... Tudo passa, mas a vida continua, e só o Amor é eterno. Somos filhos do Amor, criados para amar e nos tornarmos puros, como nosso Pai sempre foi.
Na obra espírita romanceada, intitulada A Caminho do Abismo, que relata o pavoroso morticínio de protestantes em Paris, na Noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, Antônio Lima, no cap. 4, cita as seguintes palavras de Giordano Bruno:

Não devemos temer a morte, nem desejá-la, nem precipitá-la covardemente, mas, aguardá-la com paciência até quando Deus bem entender de nos chamar a contas na hora exata da viagem para as plagas do invisível mundo das almas. Convém levar bem cheio o alforje, com provisão salutar e suficiente para não tornar a morrer de fome lá em cima. É de bom aviso conduzir em ânforas de luz a água da vida para não sucumbir de sede no mundo da realidade.

            Naturalmente, a fome e a sede a que ele se refere não são necessidades materiais e, sim, do Espírito. Vivamos, cada dia, com renovadas esperanças, pois todo mal sempre traz um bem. Entretanto, sem que isso caracterize qualquer ideologia política, observo, nos acontecimentos trágicos, como o que estamos vivendo nos últimos dias, uma forma de educar os seres humanos na correção das absurdas desigualdades sociais, motivadas pela ganância do poder e do ter.
            Quem sabe, agora, enxerguemos a injustiça praticada contra quem desempenha serviços essenciais ao nosso bem-estar, mas é tão mal remunerado, ao passo que políticos, atletas e artistas famosos nadam num mar de dinheiro? Se nos esforçarmos em crer, realmente, naquilo que aprendemos e transmitimos a outrem, com certeza, dormiremos tranquilos.
Desse modo, ainda que um raio nos parta o crânio, ainda que nossa casa desabe sobre nós, e, mesmo tendo de sofrer por alguns dias, nossa fé em Deus não será abalada. Então, nada temeremos, pois, como filhos de Pai amantíssimo, repetiremos agradecidos a frase do profeta Davi em seu Salmo 23: "O Senhor é meu pastor, nada me faltará".

Um comentário:

A outra ciência (Irmão Jó)   Aprendi, nesta existência, Que, desde a Antiguidade, É trabalho da ciência Comprovar a realidade.   Explicar a ...