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quinta-feira, 16 de abril de 2020



Cantinho da poesia

Meus 68 anos – Jorge Leite de Oliveira


Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
                         (Casimiro de Abreu. Meus oito anos)

Oh! que saudades do tempo
Dos encontros de família,
Dos beijos do filho e filhas,
E do carinho dos netos.

Que dias maravilhosos,
Em que os podia abraçar
Sem distinção de lugar
Num gesto puro de amor.

Agora, do lar recluso,
Avisto o lago azulado
Tristonho, de olhar nublado,
Qual réu inocente preso.

O céu perdeu a beleza,
Muitas mortes por Covid,
Raquel chora comovida,
E as ruas ermas e escuras.

Nada dos rios de outrora,
Tudo de muita incerteza,
Revolta da Natureza,
Isso é o que parece certo.

Naqueles dias de outrora,
Subíamos nas montanhas,
Adentrávamos entranhas
De cavernas com morcegos...

Já não se lembrava a prece,
Duvidava-se de Deus,
E a multidão dos ateus
Humilhava Jesus Cristo...

O esporte virou batalha
Fora das competições
De criminosos, ladrões,
Que maltratavam famílias.

As nascentes destruídas,
O extermínio de animais,
Os filhos longe dos pais,
E pais distantes dos filhos...

As brincadeiras de infância,
Debaixo das bananeiras,
Viraram puras besteiras
Ante os modernos I-Phones.

Oh! que saudades do tempo
Dos abraços imortais
Entre avós, filhos e pais,
Entre nossos bons amigos.

Mesmo em tempos virtuais,
Que amor, que felicidade,
Comemorar de verdade
Meus 68 anos!

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