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sexta-feira, 1 de julho de 2022

 


CANÇÃO DO TEMPO
 
 
Ao homem que caíra em franco desalento
O Tempo apareceu, qual companheiro atento,
E falou-lhe, depois, com carinho invulgar:
— Amigo, não te dês à tristeza vazia,
O Céu nos recomenda em cada novo dia:
— Servir e prosseguir, trabalhar, trabalhar...
 
Isso é de lei na própria Natureza,
Quando a tormenta cai sobre a erva indefesa,
Qual gigante rugindo a pleno ar,
A vida a renascer do vale à serra,
Determina, em silêncio, ao coração da Terra:
— Servir e prosseguir, confiar, confiar...
 
O rio ataca os muros da represa,
Esbraveja, ante as forças de defesa,
Buscando a fuga por qualquer lugar;
Vence, depois, sem freio que o detenha:
E a água proclama quando se despenha:
— Servir e prosseguir, trabalhar, trabalhar...
 
Para a semente vale por insulto
O gesto que a retém num canto oculto,
Qual se fora um veneno a desprezar;
Mas, atenta à recôndita energia,
Germina procurando o sol que canta de alegria:
— Servir e prosseguir, confiar, confiar...
 
Quem aceitou do Céu, como um favor divino,
Burilar-se a sofrer e guarda por destino
O dom de se esquecer e auxiliar,
Por mais lute nas trilhas em que avança,
Ouve em si a palavra da esperança:
— Servir e prosseguir, trabalhar, trabalhar...
 
O Homem que se pusera, enternecido, à escuta,
Sentiu-se aliviado, ante os riscos da luta,
E o Tempo rematou, pedindo-lhe pensar:
— Mágoas e provações? Trabalha por vencê-las,
E feliz ouvirás a canção das estrelas;
— Servir e prosseguir, confiar, confiar...
 
MARIA DOLORES (Espírito). Coração e Vida. Psicog. F. C. Xavier. SP: IDEAL, 1978, cap. 33.


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