Contra qualquer discriminação
(Irmão Jó)
Racismo é preconceito
Contra branco, índio, preto...
Mas repensemos conceitos:
Na Terra, há milhões de anos,
Escravo não tinha cor;
Num passado não distante,
Servia-se ao vencedor
De batalha degradante.
Egípcios de corpo e ideias...
Quatro séculos cativos,
Longe das terras hebreias.
Até que Moisés ouviu
Falar na sarça Jeová,
Que ardia ali sem queimar,
E só ao seu Deus serviu.
Então, o grande profeta
Tirou do Egito seu povo
Que, após achar nova terra,
Tornou-se livre de novo.
Vieram para o Brasil
E outros povos soberanos
Milhares de africanos
Onde ficaram cativos.
Depois de muito sofrerem
E muitos deles morrerem,
Ficaram sem lar, sem pão...
De raça ou de etnia,
De ascendência ou religião
É vil discriminação.
Não há “preto de alma branca”,
Nossa alma é incolor;
Não tem cor a alma santa,
Pomba da paz não tem cor.
Muito menos pó de arroz...
Mudar os nomes dos termos,
Isso é discriminação,
Pois língua é mais do que gênero,
É uso e aculturação.
Que um gênio foi impedido,
Por ter a pele escura,
De sua função exercer
Na cidade de Laguna.
Falamos de Cruz e Sousa,
Um dos melhores poetas
Que o mundo já viu nascer.
A engenheira civil
A senhora Elmina Wilson
Foi a primeira mulher
A destruir preconceitos
Construindo arranha-céus.
Antônio e André Rebouças
Estão entre os primeiros
A lutarem contra as forças
Da terrível escravidão...
Gozam, pois, de justa glória,
Também dessa construção
Nas páginas da nossa história.
Fazem aqui bom dueto:
Machado foi realista;
Barreto pré-modernista.
Carolina de Jesus,
A arte vinda do gueto,
Que até hoje clama ao mundo
Contra toda exclusão
Com grito agudo e profundo:
— Fora a discriminação!
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