EM DIA COM O MACHADO
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Tentação a Jesus
& tentação a nós (Jó)
Diz Lucas, no capítulo 4 do seu
evangelho, que Jesus passara 40 dias em jejum e oração no deserto. Depois, teve
fome. Então, o diabo fala-lhe: “— Se tu és o Filho de Deus, dize a esta
pedra que se transforme em pão”.
Jesus tinha o poder de materializar o
que quisesse, como lemos nos evangelhos, quando multiplicou cinco pães e dois
peixes em alimento para “cerca de 5.000 homens, sem contar mulheres e crianças”
(Mateus, 14:13 a 21). Entretanto, mesmo sentindo a fome de 40 dias de
jejum, nosso Mestre, quando tentado, abstivera-se de utilizar seu poder em
benefício próprio.
Então, respondeu ao demônio: “— Está
escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus”.
Outras duas propostas foram-lhe feitas
pelo mau espírito, e Jesus recusou-as, como a de possuir “todos os
reinos do mundo”, se adorasse satanás. Isso lembra-nos o que o Cristo,
ao lhe ser indagado se era rei, respondeu a Pilatos: “— Meu reino não é deste
mundo...” (João, 18:36).
À segunda proposta do demônio,
respondeu: “— Vai-te, satanás, porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus,
e só a Ele servirás”.
Por fim, propôs-lhe o mau espírito
que se atirasse do alto do templo, pois os anjos divinos não permitiriam que
nada de mal lhe acontecesse. E disse-lhe Jesus: “— Dito está: Não tentarás o
Senhor teu Deus”.
O ensinamento final desse relato de
Lucas serve-nos para reflexão: “E acabando o diabo toda a tentação, ausentou-se
dele por algum tempo” (destaquei).
Ora, se nem a Jesus satanás (espírito
das trevas) poupou em suas tentações, muito menos nos poupará. Foi por saber
disso que nosso Mestre, Espírito perfeito em relação a nós, recomendou-nos: “Vigiai,
pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar
todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do
homem” (Lucas, 21:36).
Foi o que levou Allan Kardec a perguntar, no
item 467 d’O Livro dos Espíritos: “Pode o homem eximir-se da influência
dos espíritos que procuram arrastá-lo para o mal?”
Reposta: “Pode, visto que tais espíritos só
se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus
pensamentos, os atraem”.
E, na questão 469 da obra citada, Kardec
indaga: “Por que meio podemos neutralizar a influência dos maus espíritos?”
Resposta: “Praticando o bem e pondo em Deus
toda a vossa confiança, repelireis a influência dos espíritos inferiores e
aniquilareis o império que desejem ter sobre vós. Guardai-vos de atender às
sugestões dos espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a
discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai
especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo
lado fraco. Essa a razão porque Jesus, na oração dominical, vos ensinou a
dizer: ‘Senhor! não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”.
É, pois, na confiança em Deus, na oração e na
vigilância diária dos nossos pensamentos, como nos ensinou Jesus, que estaremos
nos livrando do mal que reside em nós e atraindo os bons espíritos como nossos
companheiros diários. Aliado a isso está o exercício da compaixão a todos,
encarnados e desencarnados que ainda se encontram iludidos pelas paixões e
todos os sentimentos negativos contrários à prática da caridade que, junto à
humildade são as vias de nossa “salvação”.
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