POESIA FRANCISCANA (BSB, 21/10/2020)
SAUDADE (J. F. A. Filho)
Saudade, Oh! Que saudade
Daqueles mundos distantes
Onde por anos constantes
Conheci felicidade.
Consciente da verdade,
Retorno a este Torrão
Trazendo no coração
Um sentimento profundo
De paz que serena o mundo
E do divino perdão.
O Deus do meu coração
Que na sua onisciência
Concedeu-me por clemência
O dom da força e verdade
Pra suportar a maldade,
As intempéries da vida,
Ao meu irmão dar guarida
E com verdade o amar.
Espero um dia voltar
Àquelas lindas pairagens
Terra de sonho e miragens
De sublime comungar.
Como é saudoso lembrar
Dos mundos evoluídos,
Dos nossos irmãos queridos
Que o tempo nos separou,
Do nosso amor que ficou
Servindo em Orbe divino.
Segue porém seu destino
Nessa senda evolutiva,
Só a saudade cativa
A nossa pura querência.
Mas Deus, em sua clemência,
Deu-me o consolo fecundo
Pela evolução do Mundo,
Também da humanidade
Que representa a saudade
Diante de tal contexto,
Não representa pretexto
Pra tolher a caminhada,
Pois vejo a grande jornada
Acima de tudo isso.
Deus nunca se fez omisso
Na sua obra divina,
Sua presença me ensina
Que o trabalho é constante
Perdão, se a cada instante
A saudade me domina.
Comentários:
Como disse Sílvia Leite, minha doce
madrinha de Juiz de Fora, parece que Francisco já se despedia deste mundo desde
o primeiro poema. A saudade do poeta faz-me recordar um verso de soneto meu e,
por consequência, de todo o soneto em redondilha maior (versos com sete sílabas
métricas), embora eu tenha dito, nos comentários do poema anterior de
Francisco, que nunca sei de cor os poemas que escrevo.
Eis o poema completo, escrito quando,
pela vez primeira e última, aos vinte e poucos anos de idade, afastei-me da
convivência diária com minha querida mãezinha, no Rio de Janeiro, para servir
em Salvador, embora uma vez por ano a visitasse:
Dor da saudade (Jó)
Ah! esta dor tão pungente
Que procura me extinguir
Estruge-se em mim ardente
Sem nunca me consumir.
Esta dor de uma procura
De algo que não sei dizer
Quase me leva à loucura
Sem, porém, loucura ser.
É a dor do meu desencanto
Que não se exprime falando
E nem se expressa num canto.
É sofrimento da gente
Que vai nos aniquilando:
Saudades que a gente sente!
Aviso aos amigos
leitores:
Embora a promessa que fiz, há uma
semana, de revezamento, nesta coluna, de poesia e artigo republicado, ao menos
por enquanto, não mais postarei aqui os artigos espíritas que vinha publicando.
Substituo-os por poemas de cunho espiritual e seus comentários.
A partir da próxima postagem, também
postarei sonetos de Cruz e Sousa com sua análise à luz do Espiritismo.
Muito obrigado aos meus queridos
leitores!
Boa leitura!
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