10.2 Conciliar-se com os adversários (para 8 maio 2020)
Concilie-se o mais cedo
possível com seu adversário, enquanto está a caminho com ele, para que não suceda
que ele o entregue ao juiz, e que o juiz não o entregue ao ministro da justiça, e você seja mandado para a
prisão. Em verdade lhe digo que você não sairá de lá enquanto não pagar o
último centavo (Mateus, 5:25-26).
Há, na prática do perdão,
e na prática do bem, em geral, mais do que um efeito moral, há também um efeito
material. A morte, como se sabe, não nos livra dos nossos inimigos. Os
Espíritos vingativos perseguem, muitas vezes, com seu ódio, além do túmulo,
aqueles contra os quais guardam rancor. É por isso que o provérbio que diz: "Morta
a besta, morto o veneno" é falso quando se aplica ao homem.
O Espírito mau espera que
aquele a quem quer mal esteja preso a seu corpo e, assim, menos livre, para o
atormentar mais facilmente, ferir nos seus interesses
ou nas suas afeições mais caras. Devemos ver nesse fato a causa da maioria dos
casos de obsessão, sobretudo daqueles que apresentam certa gravidade, como a subjugação
e a possessão.
O obsidiado e o possesso
são, pois, quase sempre, vítimas duma vingança anterior, à qual provavelmente
deram motivo por sua conduta. Deus o permite, para os punir do mal que eles
mesmo fizeram, ou se não o fizeram, por
haverem faltado com a indulgência e a caridade, deixando de perdoar. Importa,
pois, do ponto de vista de sua tranquilidade futura, reparar o mais cedo
possível os males que você tenha feito a seu próximo, e perdoar aos inimigos,
para assim se extinguirem, antes da morte, todos os motivos de desavença, toda
causa fundada de animosidade posterior.
Por esse meio, de um
inimigo obstinado neste mundo, pode fazer-se, um amigo no outro, ou pelo menos
ficar do lado justo, e Deus não admite que aquele que perdoou sofra qualquer
vingança. Quando Jesus recomenda que nos conciliemos
o mais cedo possível com o nosso adversário, não quer apenas evitar as
discórdias na vida presente, mas também evitar que elas se perpetuem nas
existências futuras. Você não sairá da prisão, disse Ele, enquanto não pagar o
último centavo, ou seja, enquanto não houver satisfeito completamente a Justiça
de Deus.
Tradução livre, em
terceira pessoa, pelo Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira.
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