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sábado, 30 de maio de 2020



10.5 Não julguem para não serem julgados. Aquele que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra

Não julguem, pois, para não serem julgados; porque com juízo que vocês julgarem os outros, serão julgados; e outros usarão contra vocês da mesma medida com que vocês medirem eles (Mateus, 7:1,2).

Então os escribas e os fariseus lhe trouxeram uma mulher que fora apanhada em adultério, puseram-na no meio do povo e lhe disseram: — Mestre, esta mulher foi surpreendida em adultério; ora, Moisés ordena-nos, pela Lei, lapidar as adúlteras. Qual é sua opinião sobre isto?
Eles diziam assim para o tentar, a fim de ter de que o acusar.  Mas Jesus, abaixando-se, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como eles continuassem a indagá-lo, Ele levantou-se e disse-lhes: — Aquele dentre vocês que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra.
Depois, abaixou-se de novo e continuou a escrever na terra. Mas eles, após ouvirem isso, retiraram-se, um após o outro, os idosos saindo primeiro.
E assim, Jesus ficou sozinho com a mulher, que estava no meio da praça. Então, levantando-se, Jesus perguntou-lhe:  Mulher, onde estão os que a acusavam? Ninguém a condenou? Ela respondeu-lhe:  Ninguém, Senhor. Jesus disse-lhe: Eu também não a condenarei. Vá, e não peque mais (João, 8:3-11).

Aquele dentre vocês que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra, disse Jesus. Esta máxima faz da indulgência um dever, pois não há quem dela não necessite para si mesmo. Ensina que não devemos julgar os outros mais severamente do que nos julgamos, a nós mesmos, nem condenarmos nos outros o que desculpamos em nós. Antes de reprovar uma falta de alguém, vejamos se a mesma reprovação não nos pode ser aplicada.
A censura feita à conduta alheia pode ter dois motivos: reprimir o mal, ou desacreditar a pessoa cujos atos são criticados. Este último motivo jamais tem desculpa, pois, neste caso, só há maledicência e maldade. O primeiro pode ser louvável, e torna-se mesmo um dever em certos casos, porque dele pode resultar um bem; e porque, não sendo assim, o mal jamais seria reprimido na sociedade. Aliás, não compete ao homem ajudar o progresso dos seus semelhantes? Portanto, não deve ser tomado no sentido absoluto este princípio: Não julguem, para não serem julgados, porque a letra mata e o espírito vivifica.
Jesus não podia proibir a censura ao mal, pois Ele mesmo nos deu o exemplo disso, e o fez em termos enérgicos. Mas Ele quis dizer que a autoridade da censura está na razão da autoridade moral daquele que a pronuncia. Tornar-se alguém culpado daquilo que condena nos outros é abdicar dessa autoridade, é privar-se do direito de repressão.
A consciência íntima, além disso, recusa todo o respeito e toda a submissão voluntária àquele que, investido de um poder qualquer, viola as leis e os princípios que está encarregado de aplicar. Somente existe autoridade legítima, aos olhos de Deus, quando ela se apoia no exemplo que dá do bem. É o que resulta igualmente das palavras de Jesus.

Tradução livre, em terceira pessoa, pelo Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira.

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