10.5 Não julguem para não
serem julgados. Aquele que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra
Não julguem, pois, para
não serem julgados; porque com juízo que vocês julgarem os outros, serão
julgados; e outros usarão contra vocês da mesma medida com que vocês medirem eles
(Mateus, 7:1,2).
Então os escribas e os
fariseus lhe trouxeram uma mulher que fora apanhada em adultério, puseram-na no
meio do povo e lhe disseram: — Mestre, esta mulher foi surpreendida em
adultério; ora, Moisés ordena-nos, pela Lei, lapidar as adúlteras. Qual é sua
opinião sobre isto?
Eles diziam assim para o
tentar, a fim de ter de que o acusar. Mas
Jesus, abaixando-se, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como eles
continuassem a indagá-lo, Ele levantou-se e disse-lhes: — Aquele dentre vocês
que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra.
Depois, abaixou-se de novo
e continuou a escrever na terra. Mas eles, após ouvirem isso, retiraram-se, um
após o outro, os idosos saindo primeiro.
E assim, Jesus ficou
sozinho com a mulher, que estava no meio da praça. Então, levantando-se, Jesus perguntou-lhe: — Mulher, onde estão os que a acusavam? Ninguém a condenou? Ela respondeu-lhe: — Ninguém, Senhor. Jesus disse-lhe: Eu também não a condenarei. Vá, e não peque
mais (João, 8:3-11).
— Aquele dentre vocês
que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra, disse Jesus. Esta máxima
faz da indulgência um dever, pois não há quem dela não necessite para si mesmo.
Ensina que não devemos julgar os outros mais severamente do que nos julgamos, a
nós mesmos, nem condenarmos nos outros o que desculpamos em nós.
Antes de reprovar uma falta de alguém, vejamos se a mesma reprovação não nos
pode ser aplicada.
A censura feita à conduta
alheia pode ter dois motivos: reprimir o mal, ou desacreditar a pessoa cujos
atos são criticados. Este último motivo jamais tem desculpa, pois, neste caso,
só há maledicência e maldade. O primeiro pode ser louvável, e torna-se mesmo um
dever em certos casos, porque dele pode resultar um bem; e porque, não sendo
assim, o mal jamais seria reprimido na sociedade. Aliás, não compete ao homem
ajudar o progresso dos seus semelhantes? Portanto,
não deve ser tomado no sentido absoluto este princípio: Não julguem, para
não serem julgados, porque a letra mata e o espírito vivifica.
Jesus não podia proibir a
censura ao mal, pois Ele mesmo nos deu o exemplo disso, e o fez em termos
enérgicos. Mas Ele quis dizer que a autoridade da censura está na
razão da autoridade moral daquele que a pronuncia. Tornar-se alguém culpado
daquilo que condena nos outros é abdicar dessa autoridade, é privar-se do
direito de repressão.
A consciência íntima, além
disso, recusa todo o respeito e toda a submissão voluntária àquele que, investido
de um poder qualquer, viola as leis e os princípios que está encarregado de
aplicar. Somente existe autoridade legítima, aos olhos de Deus, quando ela se
apoia no exemplo que dá do bem. É o que resulta igualmente das palavras de
Jesus.
Tradução livre, em
terceira pessoa, pelo Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira.
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